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Lei Seca diminui homicídios em Diadema

Por Agencia Estado
Atualização:

Pelo segundo fim de semana consecutivo, o município de Diadema, na Grande São Paulo, não registrou nenhum homicídio. A queda, segundo informações da Coordenadoria de Defesa Social, se deve, em grande parte, à chamada Lei Seca, que impede os bares, principalmente os botequins, de funcionar entre 23 e 6 horas. "Antes dessa lei, ocorriam entre três e cinco homicídios por fim de semana, a maioria nas proximidades dos bares, principalmente naqueles que funcionavam com mesas nas calçadas", afirmou a coordenadora de Defesa Social, Regina de Luca Miki. Houve fins de semana em que os registros indicaram nove mortes. Embora a segurança pública não seja uma atribuição do município, Regina conta que o prefeito José Fillipi Júnior (PT), quando assumiu o cargo, em 2001, decidiu que uma das prioridades seria combater a criminalidade. "Para isso, ele contou com um entrosamento perfeito entre a prefeitura e as Polícias Militar e Civil", disse. O primeiro passo foi a criação da Coordenadoria de Defesa Social. Houve também a troca de comando nas polícias, além da criação da Delegacia Seccional de Diadema, anterior à chegada do prefeito. "Quando chegamos aqui, em 1999, era uma loucura, com uma média de 40 homicídios por mês", disse o delegado seccional, Reinaldo Corrêa. "Num trabalho conjunto entre as polícias e a Coordenadoria de Defesa Social fizemos um levantamento da criminalidade, mapeando os locais e os horários de maior incidência", explicou Corrêa. Especializado- Ele conta que descobriu que 60% dos homicídios ocorriam das 22 às 4 horas, no interior ou na saída dos bares. Para apoiar o trabalho, foi criado um setor especializado na investigação dos homicídios. "Com maior rapidez identificamos e prendemos assassinos. A média de crimes caiu para 15 a 20 homicídios por mês." A Lei Seca veio contribuir ainda mais para a redução. "Em julho do ano passado, tivemos 26 homicídios, e, no mesmo mês deste ano, até hoje (ontem), foram contabilizados 7 crimes, o que demonstra que o fechamento dos bares colaborou muito para a queda da violência", destacou Regina. A prefeitura também vem desenvolvendo um trabalho social, asfaltando e iluminando ruas, principalmente nas regiões onde se concentram conjuntos habitacionais. "Também estamos desenvolvendo projetos de orientação de adolescentes, dando trabalho e estudo", afirmou Regina. Antecipando a aplicação da lei, a prefeitura e os policiais realizaram em março blitze para a ampla divulgação e orientação da proibição que começaria em 15 de junho. "Cerca de 85% dos 1.200 bares da cidade estão obedecendo à determinação", afirmou a coordenadora. A lei, no entanto, permite o funcionamento de alguns bares das 23 às 6 horas. Para isso, é necessário obter uma licença especial, a ser concedida por uma comissão. "Os estabelecimentos terão de obedecer a vários critérios, como acústica perfeita, licença da vigilância sanitária e acesso para pessoas com deficiência física", informou a coordenadora. "Se o bar apresentar uma reincidência de crime, nunca receberá essa autorização." Segundo Corrêa, o fechamento dos bares durante a madrugada não fez com que aumentasse o número de agressões dentro de casa, especialmente contra mulheres e crianças. "Não houve aumento de casos na delegacia de defesa da mulher. Mesmo porque, quem fica bebendo são adolescentes, entre 18 e 20 anos, solteiros", afirmou Corrêa.

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