Mais uma vítima de empresária depõe em GO

Jovem de 23 anos tentou fugir cinco vezes e diz que ex-patroa é ''vingativa''

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Por Rubens Santos
Atualização:

Foi apresentada ontem pela polícia de Goiás a suposta sexta vítima da empresária Sílvia Calabresi Lima, presa na semana passada sob acusação de torturar L., de 12 anos. Trata-se de Elivânia Silva Ferreira, de 23 anos, que trabalhou na casa da empresária em 2002. Ainda apresentando cicatrizes e outros sinais de violência no corpo, ela prestou depoimento à Delegacia de Polícia em Iporá (GO), cidade onde mora e já fez exame de corpo de delito. ''Apanhava todo dia, sofri muito na mão dela'', disse Elivânia. ''Fugi cinco vezes. Porém, como era órfã, fui devolvida para a Sílvia nas cinco vezes'', relembra. ''Aí é que eu apanhava mais''. Ela disse que foi à delegacia quando soube que a ex-patroa estava presa. Mesmo assim afirmou que tinha medo. ''Ela é muito vingativa.'' Maria de Lourdes e Tiago, mãe adotiva e o filho mais velho da empresária, poderão ter suas prisões decretadas hoje caso se recusem a comparecer à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) para depor como testemunhas no caso L. Um casal vizinho da empresária que costumava visitá-la se disse surpreendido pela descoberta dos casos. Duas outras meninas, cujos casos estavam computados sob responsabilidade de Sílvia Calabresi, mas que ainda não haviam sido localizadas, prestaram depoimento ontem na DPCA. A., de 10 anos, e C., de 16 anos, moradoras de Adelândia, a 100 quilômetros de Goiânia, confirmaram maus-tratos diários: ''Ela (Sílvia) me batia com a sandália, no rosto, na boca e feriu minha orelha'', disse A. Outra menina, C., disse que a porção diária de violência foi inesquecível: ''No começo pensei que era uma louca, depois percebi que as pancadas não cessariam. Fugi de lá.'' Segundo a polícia, o caso de A. ocorreu em 2005 e o de C., em 2004. Além de um quadro agudo de desnutrição, marcas e cicatrizes permanentes na língua, o resultado preliminar do exame de corpo de delito de L. confirma que a menina foi submetida a sessões de tortura com ferro de passar roupa, martelo e alicate. Ontem, L. recebeu, no Centro de Valorização da Mulher de Goiás (Cevam), a visita dos jogadores de futebol do time do Goiás. Eles a presentearam com uma camisa do clube autografada, além de uma bicicleta e de alimentos. Foi a quinta bicicleta que L. ganhou. Na delegacia, segundo a delegada-titular, há duas caixas de presentes enviadas por moradores de São Paulo que se sensibilizaram com o caso de tortura contra L.

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