O que se sabe sobre o sequestro de um ônibus no Rio com 16 reféns

Criminoso foi identificado como Paulo Sérgio de Lima e suspeitou que era seguido por policiais antes do ataque

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Por Fabio Grellet
Atualização:

Um sequestrador manteve 16 passageiros reféns na rodoviária do Rio de Janeiro, na tarde desta terça-feira, 12. Ele se entregou e foi preso. O criminoso foi identificado como Paulo Sérgio de Lima, de 29 anos, e teve a arma apreendida. Pelo menos duas pessoas se feriram - uma delas em estado grave.

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Lima suspeitou que era seguido por policiais e tentou entregar sua arma a um passageiro, na plataforma de embarque, enquanto o ônibus era preparado para iniciar a viagem. Diante da conduta inusitada, o passageiro se assustou, saiu correndo e, então, o criminoso deu três tiros em direção a ele, ferindo-o gravemente. Em seguida, rendeu os passageiros que já haviam entrado no ônibus.

Foi o que o delegado Mário Andrade, titular da 4.ª Delegacia de Polícia e responsável pela investigação sobre o caso, contou ter ouvido do criminoso durante depoimento na noite desta terça-feira.

Rodoviária foi esvaziada para tentativa de negociação com sequestrador Foto: Pilar Olivares/REUTERS

“Ele disse que é organizador do tráfico na Muzema (favela no Itanhangá, bairro da zona oeste do Rio) e no domingo foi à Rocinha (bairro da zona sul do Rio) para pagar dívidas que tinha em alguns bares”, disse o delegado. “Contou que teve uma desavença com um traficante local e esse rapaz atirou nele, mas errou. Ele também atirou e errou. O traficante sobreviveu, e ele passou a ter medo de ser pego”, seguiu o delegado.

Por isso, Lima não voltou para casa: hospedou-se em hotéis do centro do Rio e decidiu fugir para Juiz de Fora nesta terça-feira. “Ele foi para a rodoviária, comprou a passagem com dinheiro e achou que despertou suspeita ao tirar do bolso um maço de notas”, relatou o delegado.

Lima começou, então, a suspeitar que estava sendo seguido por policiais. Entrou no ônibus, mas o veículo teve um problema mecânico quando estava saindo da vaga, ainda dentro da rodoviária. Por isso, o veículo voltou para a plataforma 42 e, enquanto o mecânico da empresa era acionado, os passageiros desembarcaram.

Quando viu um passageiro se aproximando, Lima achou que era um policial e decidiu entregar a arma. Tirou a pistola 9 mm e estendeu-a em direção a Bruno Lima da Costa, de 34 anos, que não é policial e se assustou com a cena.

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Costa saiu correndo e Lima atirou em sua direção - além desse passageiro, outro, que estava próximo, ficou ferido com os estilhaços da bala. Em seguida, Lima entrou no ônibus e rendeu as 16 pessoas que estavam lá dentro.

O delegado disse ter ouvido do sequestrador que tomou essa atitude por medo de ser entregue ao grupo do traficante com quem se desentendeu na Rocinha.

Agentes do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio foram acionados para atuar durante o sequestro Foto: PABLO PORCIUNCULA/AFP

Durante o tempo em que manteve os passageiros reféns, Lima chegou a atirar contra dois policiais que cercavam o ônibus, mas também errou.

Agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) do Rio de Janeiro, a tropa de elite da Polícia Militar, atuaram no sequestro. A condução das negociações esteve a cargo da Unidade de Intervenção Tática, divisão do Bope especializada em situações de crise.

Segundo o delegado, Lima já tem duas passagens pela polícia – no Rio e em Minas. Ele deve ser indiciado por três crimes: tentativa de homicídio qualificado; sequestro e cárcere privado; e porte de arma de fogo de uso restrito. O envolvimento de Lima com o tráfico, como ele próprio admitiu, ainda será investigado, disse o delegado.

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