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Diversidade e Inclusão

Fugir para as montanhas, se for acessível

Minha cidade, Santos, está entre os municípios brasileiros com risco para desastres climáticos. A catástrofe do Rio Grande do Sul me faz pensar em quais chances tenho diante das restrições crescentes de mobilidade que enfrento.

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Foto do author Luiz Alexandre Souza Ventura
Santos, no litoral sul de SP, está entre os 1.942 municípios brasileiros localizados em áreas de risco recorrente de desastres climáticos.  


Lembranças da história que descrevo no livro 'Superação', da editora Leader, lançado em 2017, voltaram à minha memória, bastante claras, ao ver na TV as imagens da catástrofe que atinge o Rio Grande do Sul.

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A publicação reúne textos sobre resiliência, determinação, barreiras e de que maneira cada um de nós lida com essas questões. Narro um episódio das reportagens que fiz em 2011 para o Sistema Globo de Rádio sobre chuvas, enchentes e deslizamentos em São Paulo. No meio de uma entrevista, um morro desabou sobre nós.

A população gaúcha encara hoje uma colossal adversidade. Impossível não pensar na situação das pessoas com deficiência. Se, em dias comuns, acessibilidade e inclusão são temas negligenciados, quais as possibilidades de gente com restrições de movimentos e comunicação conseguir fugir dos alagamentos e suas consequências em tempo de sobreviver?

Os desastres climáticos previstos por cientistas nas últimas décadas chegaram. Minha cidade, Santos, no litoral sul de SP, está entre os 1.942 municípios brasileiros localizados em áreas de risco recorrente, segundo estudo do governo federal divulgado nesta sexta-feira, 17, elaborado pela Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento, vinculada à Casa Civil.

O mar vai subir, é fato. Então, para onde ir? Talvez para os morros da região, se houver tempo e se a fuga for acessível, não como você pensa, com rampas, elevadores, placas em braile e apoio de intérpretes de Libras, mas que garanta espaço para as pessoas com deficiência antes da tragédia.

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O governo brasileiro, o governo gaúcho e as prefeituras agora correm para resgatar sobreviventes, mas sempre atrasados, displicentes na prevenção, desesperados nas consequências.

Gente com deficiência não aparece sequer nas estatísticas de desabrigados. Instituições se esforçam para levantar quantidades e urgências, para obter itens específicos de cuidado e alimentação.

Quando um morro caiu na minha frente, consegui correr, mas hoje seria muito diferente.


 

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