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PF se reestrutura, mas dívidas pendentes são grandes

Por Agencia Estado
Atualização:

Apesar da liberação dos recursos orçamentários que estavam retidos pelo Tesouro para a Polícia Federal (PF), a instituição deve só este ano mais de R$ 4 milhões em diárias de pessoal e acumula débitos de R$ 36 milhões de 2002. Nesta sexta-feira, o governo publicou a nova estrutura da PF, criando encargos e diretorias como a de Combate ao Crime Organizado, em que haverá um setor exclusivo de investigações sobre tráfico e venda ilegal de armas. O mesmo decreto diminui o número de cargos e funções com gratificação na corporação, além de reduzir para simples coordenação o Comando de Operações Táticas (COT), o setor de elite responsável pelas ações de alto risco, como as transferências do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Em decreto anterior, o COT e a Diretoria de Inteligência haviam sido excluídos do organograma da instituição por um engano do Ministério da Justiça. O fato causou irritação ao ministro Márcio Thomaz Bastos, que só tomou conhecimento do fato pelo Diário Oficial. Referência e modelo de atuação citado sempre por Bastos, aparentemente a PF passa hoje por um de seus piores momentos com relação a recursos. "Muitas vezes tivemos de pagar as despesas de nossos agentes, que viajaram sem receber diárias", afirma um delegado, que prefere não se identificar. A situação chega até a ser constrangedora na superintendência do Rio, que não consegue dinheiro para reformar o prédio. Para 2003, a previsão orçamentária da PF é de R$ 190 milhões só para custeio administrativo. Para investimentos, há em torno de R$ 58 milhões. Mas as grandes dívidas se acumulam. Até há poucos dias, não havia dinheiro para pagar diárias e bolsas de alunos da Academia Nacional de Polícia (ANP), e a assessoria do diretor-geral não soube informar se a situação foi regularizada. Hoje, a corporação é chamada para intervir em diversos assuntos da alçada estadual, como fez no Espírito Santo, Rio e Amazonas, onde prendeu 23 policiais. Mas nem sempre consegue se desincumbir das missões. A reestruturação ainda acabou com um dos órgãos mais temidos no regime militar. A Delegacia de Ordem Política e Social (Dops) é, desde esta sexta-feira, a Coordenação-Geral de Defesa Institucional. As atribuições, que foram se esvaziando ao longo do tempo, continuarão as mesmas, como o monitoramento das questões sociais do País. No passado, presos políticos, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estiveram presos em delegacias estaduais do Dops.

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