Prefeitura do RJ estuda novo sistema de bondes

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Quase 40 anos depois de sua desativação, o bonde poderá voltar ao centro do Rio. A prefeitura pretende instalar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), bondes movidos a energia elétrica com ar-condicionado, capacidade para 250 pessoas. O prefeito Cesar Maia assina amanhã convênio com o BNDES para o financiamento do projeto básico. A idéia do secretário municipal de Transporte, Luiz Paulo Corrêa da Rocha, é ter no centro da cidade linhas circulares que integrem o VLT aos antigos meios de transporte. O bonde moderno vai circular nos trechos próximos a estações de barcas, metrô e trens. Passará também junto à Rodoviária Novo Rio, ao Aeroporto Santos Dummont e até à estação dos bondinhos de Santa Teresa, últimos exemplares dos bondes que circularam no Rio até a década de 60 e que continuam em atividade no bairro. O VLT abrangerá, além da área central, os bairros do Estácio, Santo Cristo, Gamboa e Saúde. "Nosso objetivo é diminuir o fluxo de ônibus e veículos nessa região do Centro", afirma Corrêa da Rocha. "Além disso, o novo bonde vai cumprir uma função importante no processo de revitalização do cais do porto. Ele será um vetor de reorganização territorial, atraindo pessoas e empresas para aquela área", disse. Pelo convênio a ser assinado, o BNDES financiará cerca de R$ 3 milhões para o estudo que definirá os itinerários do VLT, indicará quantas linhas circularão no Centro, os trajetos e se será necessário demolir prédios. Também ficam a cargo desse projeto o orçamento da obra (a estimativa é de R$ 250 milhões) e o valor da tarifa. Os bondes elétricos foram o principal meio de transporte no Rio durante 70 anos. Eles estavam tão incorporados à vida da cidade que até o carnaval era brincado dentro do bonde. "Tinha o Bonde do Souza, que saía ali do Largo de São Francisco (Centro) e ia até Madureira (zona norte). Ele abria o carnaval. Era todo enfeitado, tinha batuque, e a gente ficava em pé no banco, dançando", conta a dona de casa Terezinha Gomes, de 68 anos. A também dona de casa Dyrce Pulcinelli, de 69 anos, lembra do Bonde do Sereno. "Ele passava cedinho no Engenho de Dentro, para levar os alunos para a escola. Se a gente não estava no ponto, o motorneiro esperava na esquina. Também tinha um bonde sem bancos, que levava de tudo: caixa, galinha, cachorro, até mudança", diz. O bonde parou de circular no início dos anos 60, depois que o então governador do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda, decidiu substituir o transporte por ônibus elétrico. O último bonde a deixar os trilhos foi o 13, que ia para Ipanema.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.