‘Vamos acabar com todas as barragens como a de Brumadinho’, diz presidente da Vale
Decisão foi anunciada nesta terça-feira em Brasília após reunião com ministros. O descomissionamento, como é chamado o processo de desativação total das estruturas, englobará dez barragens em Minas
BRASÍLIA - O presidente da Vale, Fábio Schvartsman, anunciou que a companhia vai descomissionar todas as barragens que possui semelhantes à de Brumadinho, que se rompeu na última sexta-feira, 25, e causou a morte de pelo menos 84 pessoas. Em entrevista coletiva após se reunir com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ele disse que o programa vai custar R$ 5 bilhões e deve reduzir a produção da companhia em 10%.
Schvartsman disse que a Vale possui hoje dez barragens no modelo de Brumadinho, chamada de à montante, todas em Minas Gerais, já desativadas. Desde o acidente de Mariana, em 2015, nove foram desmontadas. A ideia da companhia, após Mariana, era fazer esse descomissionamento de forma gradual, conforme indicavam laudos internacionais. Com a tragédia de Brumadinho, a direção atual decidiu executar o plano imediatamente. O prazo de descomissionamento de cada barragem será de um a três anos.
Veja imagens do rompimento de barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho
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Tragédia em Minas Gerais
A Agência Nacional de Mineração (ANM) declarou que a mineradora Vale vistoriou, em dezembro de 2018, estrutura da barragem de Brumadinho sem ter apont... Foto: Washington Alves/ReutersMais
Moradores
É comum ver imagens de moradores de Brumadinho olhando para o horizonte em silêncio Foto: Mauro Pimentel/AFP
Catástrofe ambiental e humana
Bombeiro recolhe gaiolas no meio do mar de lama da catástrofe de Brumadinho. Foto: Adriano Machado/Reuters
Animais
Equipes de resgate voluntáriastentaramsalvar a vaca que esta atolada na lama de rejeitos de ferro. O animal teve que ser sacrificado. Foto: Wilton Junior/Estadão
Dificuldade no resgate
Bombeiros têm dificuldade de acessar algumas áreas para fazer o resgate dos sobreviventes Foto: Douglas Magno/AFP
Tragédia em Minas Gerais
Uma barragem de rejeito se rompeu em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. Foto: Douglas Magno/AFP
Tragédia em Minas Gerais
Lama destruiu estrada em Brumadinho. Foto: Washington Alves/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
A tragédia aconteceu na altura do km 50 da Rodovia MG-040. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
As barragens pertencem à mineradora brasileira Vale. Foto: Washington Alves/Reuters
Catástrofe ambiental e humana
Bombeiros tentam, sem sucesso, resgatar uma vaca atolada após rompimento de barragem. Foto: Adriano Machado/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
Segundo informações do site da Vale sobre as barragens da região, a estrutura que se rompeu foi construída em 1976. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
A prefeitura de Brumadinho pediu que a população mantenha distância do leito do Rio Paraopeba, que é um afluente do São Francisco. Foto: Douglas Magno/AFP
Tragédia em Minas Gerais
A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), responsável pelo abastecimento de água na região metropolitana de Belo Horizonte, afirmou que não ... Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas GeraisMais
Tragédia em Minas Gerais
Segundo a Vale, a área administrativa, onde estavam os funcionários, foi atingida, assim como a comunidade da Vila Ferteco. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
Os bombeiros enviaram equipes com policiais civis e militares, além de enfermeiros e medicamentos. Foto: Washington Alves/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
Kombi foi soterrada pela lama após o rompimento da barragem em Brumadinho. Foto: Washington Alves/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
Casa foi destruída e foi soterrada pela lama após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. Foto: Washington Alves/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
O governo federal montou um gabinete de crise em Brumadinho. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
Moradores de Brumadinho observam a lama que atingiu a cidade. Foto: Washington Alves/Reuters
Tragédia em Minas Gerais
No município de Brumadinho vivem cerca de 40 mil pessoas. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
O rompimento das barragens da Vale aconteceu na tarde de 25 de janeiro de 2019. Foto: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
O presidente Jair Bolsonaro fez pronunciamento no Palácio do Planalto, em Brasília, sobre a tragédia em Brumadinho. Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão
Presidente Bolsonaro
Presidente Jair Bolsonaro observa destruição causada após rompimento de barragem da Vale em sobrevoo a Brumadinho Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República
Tragédia em Minas Gerais
Voluntários trazem doações para as vítimas da tragédia em Brumadinho. Foto: Paulo Fonseca/EFE
Tragédia em Minas Gerais
Bombeiros retomaram os trabalhos na manhã deste sábado, 26. Foto: Corpo de Bombeiros de Minas Gerais
Tragédia em Minas Gerais
Fernando Nunes de Araujo é uma das dezenas de pessoas que começam a chegar na faculdade ASA de Brumadinho, onde deve ser divulgada a primeira lista de... Foto: Wilton Junior/EstadãoMais
Tragédia em Minas Gerais
Fernando Nunes de Araujo é uma das dezenas de pessoas que começam a chegar na faculdade ASA de Brumadinho, onde deve ser divulgada a primeira lista de... Foto: Wilton Junior/EstadãoMais
Batalha pela Vida
Bombeiros voltam enlameados após resgate em uma das áreas atingidas pelorompimento da barragem de rejeitos de Brumadinho, em Minas Gerais. Foto: Wilto...Mais
Estrada
Moradores observam trabalho dos bombeiros em estrada bloqueada pela lama em Brumadinho (MG) Foto: Wilton Junior/Estadão
Carro atolado
Um carro ficou atolado e destruído no meio da lama após o rompimento de barragem em Brumadinho (MG) Foto: Wilton Junior/Estadão
Helicoptero
Um helicóptero sobrevoa a cidade de Brumadinho, buscando vítimas após o rompimento da barragem Foto: Wilton Junior/Estadão
Bombeiros tentam encontrar sobreviventes em Brumadinho
Bombeiros tentam encontrar sobreviventes em Brumadinho após rompimento de barragem Foto: Washington Alves/Reuters
Corpo encontrado
Bombeiros carregam o corpo de uma das vítimas do rompimeto da barragem em Brumadinho até posto montado em frente da Igreja de Nossa Senhora das Dores Foto: Wilton Júnior/Estadão
Ponte
Ponte arrastada pela lama nas proximidades da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, MG, de propriedade da Vale Foto: Antonio Lacerta/EFE
Área devastada
Área devastada pela lama após o rompimento da barragem do Córrego do Feijão,de propriedade da mineradora Vale Foto: Wilton Júnior/Estadão
Equipe de resgate
Grupo de resgate caminha sobre a lama em busca de vítimas do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, emBrumadinho (MG), de propriedade da Vale Foto: Antonio Lacerda/EFE
Resgate aéreo
Equipe de resgate usa helicóptero para procurar vítimas do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), de propriedade da Vale Foto: Giazi Cavalcante/Código 19
"Vamos eliminar e acabar com todas as barragens a montante, com efeito imediato", disse ele, ressaltando que o plano de ação da companhia, construído três ou quatro dias após o acidente, está acima de qualquer norma legal e internacional. "A decisão da companhia é que não podemos mais conviver com esse tipo de barragem", acrescentou. "Trouxemos hoje a decisão de fazer o que é necessário para encerrar dúvidas."
Nesse período em que as barragens serão descomissionadas, a Vale vai paralisar a produção de minério nas áreas adjacentes, hoje feita a seco. Isso vai reduzir a produção da companhia em 40 milhões de toneladas por ano, ou cerca de 10% da produção anual, de 400 milhões de toneladas por ano. "A única maneira de fazer o descomissionamento é interrompendo a operação", disse, ressaltando que haveria risco em manter as atividades em paralelo com o descomissionamento. No período, a Vale vai diminuir a produção de 11 milhões de toneladas de pelotas. "A decisão terá impacto produtivo na companhia", reconheceu o executivo. Ele não comentou se haverá algum impacto no preço do minério de ferro - a Vale é uma das maiores mineradoras do mundo. As informações sobre o plano serão enviadas em fato relevante ainda nesta noite. Os projetos de licenciamento para o descomissionamento das barragens estão prontos e serão enviados aos órgãos ambientais em até 45 dias. Após aprovação do licenciamento, as obras podem começar quase que imediatamente. "A Vale fará um esforço inédito para dar uma resposta cabal, à altura dessa enorme tragédia", disse. Em Brumadinho, a limpeza e o descomissionamento vão começar após os trabalhos de resgate das vítimas do acidente. O executivo disse que a Vale nunca teve problemas com as barragens que tradicionalmente utiliza, de maciço. Segundo ele, todas as estruturas são monitoradas e passam por auditoria de forma constante. "Temos laudos e auditorias que dizem que as estruturas têm estabilidade, mas resolvemos não aceitar esses laudos e agir de outra maneira", disse. "Esse é um plano definitivo e drástico, para não deixar dúvidas sobre a segurança." Schvartsman disse que a Vale não sofreu qualquer pressão do governo a respeito do plano. "Foram reuniões absolutamente técnicas e não houve qualquer tipo de pressão. A Vale veio com um plano pronto e apresentou ao governo o plano que pretende praticar", disse. O executivo disse que a empresa vai manter e realocar cerca de 5 mil empregados, próprios e terceirizados, que trabalham nessas áreas onde o descomissionamento será realizado. Ele negou ainda que haja discrepâncias entre a legislação brasileira e a internacional no que diz respeito à segurança de barragens.
Para entender
O descomissionamento inclui a retirada dos rejeitos da barragem – em um processo em que podem ser usadas retroescavadeiras para resíduos sólidos ou bombeamento para líquidos. Após a aprovação do licenciamento pelo governo, as obras podem começar quase que imediatamente. No fim, a área deverá ser devolvida à natureza, com reflorestamento, por exemplo. A Vale estima que todo o processo deva custar R$ 5 bilhões.