Estamos no ano de 2023 e não é mais aceitável que situações humilhantes sejam parte do cotidiano somente porque sempre foi assim.
Capacitismo, racismo, homofobia, misoginia, xenofobia e outros tantos preconceitos ainda manifestados diariamente precisam ser expurgados. E se isso não acontece de maneira natural, ainda que haja uma infinidade de informações disponíveis, o combate será feito por meio da punição.
A defesa de Leo Lins, Fábio Porchat e mais gente a conteúdos supostamente humorísticos, apresentados ao vivo ou publicados na Internet, com pensamentos obsoletos a respeito de privilégios ou crimes, destaca a necessidade das leis criadas para enfrentar discriminações. Porque o resultado concreto desses posicionamentos na vida real de quem sofre a exclusão é sempre muito violento.
No show 'Pertubador', removido das plataformas por determinação do Tribunal de Justiça de São Paulo, Leo Lins diz o Brasil tem uma lista de privilégios e que, para pessoas com deficiência, essas vantagens são ter assento preferencial e não pegar fila. Também diz que negros tinham emprego garantido quando a escravidão era autorizada.
Leo Lins sempre reage de forma agressiva a quem não o elogia e aplaude. E manipula seu público para esbravejar contra o que ele chama de censura porque, afinal, foi apenas uma piada contada em um espetáculo de comédia.
Fábio Porchat já havia defendido o conteúdo bloqueado e voltou a escrever nas redes sociais que "o tal do limite do humor é a Constituição, se é crime não pode".
Pois é crime, segundo o artigo 88 da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (n° 13.146/2015), que prevê multa e prisão para quem discriminar a pessoa por sua deficiência. Assim como são crimes a discriminação, o preconceito e a injúria em razão de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, conforme estabelece a Lei do Racismo (n° 7.716/1989).
É crime porque a sociedade evoluiu e hoje entende a urgência de enfrentar todos os preconceitos.
O desafio a Leo Lins, Fábio Porchat e todos os outros humoristas é fazer piada com críticas ao capacitismo, racismo, homofobia, misoginia e xenofobia sem atacar os alvos dessas discriminações.