PUBLICIDADE

Astronauta brasileiro fará 9 experimentos no espaço

Por Agencia Estado
Atualização:

O tenente-coronel aviador Marcos César Pontes, primeiro brasileiro a participar de uma missão espacial, em 2006, terá a tarefa de executar nove experiências científicas, de diversos centros de pesquisas brasileiros, na Estação Espacial Internacional (ISS). Elas foram apresentadas nesta tarça-feira pelo presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Sérgio Gaudenzi. As pesquisas selecionadas envolvem principalmente as áreas de engenharia, física, microeletrônica, nanotecnologia e biotecnologia. Uma delas, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) do Distrito Federal, pretende analisar como germinam as sementes de um arbusto em condições mínimas de gravidade, a chamada microgravidade. Também serão feitas experiências na área de bioquímica, transferência de calor, cinética de enzimas, cristalização de proteínas e de semicondutores e difusão térmica. Experimentos de estudantes de ensino fundamental também serão levados ao espaço. No total, o astronauta brasileiro passará oito dias na estação e poderá levar uma carga de 15 quilos de material para experimentos. Apenas cinco quilos poderão ser trazidos de volta à Terra, já que o restante deverá ser descartado como lixo espacial. A experiência será chamada de Missão Centenário, uma referência ao ano em que se comemora o centenário do primeiro vôo de Santos Dumont com o 14 BIS. O foguete russo deve decolar no dia 22 de março. OS 9 EXPERIMENTOS Efeito da gravidade na cinética das enzimas Área do conhecimento: Biotecnologia Instituição: Centro Universitário da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) - São Paulo Propósito do Projeto: Estudar o efeito da microgravidade na cinética das enzimas lípase, lípase imobilizada e invertase, que tem grande uso na indústria química, de alimentos e farmacêutica. Foi desenvolvido um minilaboratório de bordo, para permitir reações enzimáticas a temperatura e tempo controlados. O estudo da cinética enzimática é fundamental para a compreensão do mecanismo de ação das enzimas dentro e fora das células, e para o projeto de biorreatores enzimáticos industriais e biossensores. Danos e reparos no DNA na microgravidade Área do conhecimento: Biotecnologia Instituição: Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) Propósito do Projeto: Contribuir para o esclarecimento da resposta biológica ao nível do DNA em condição de microgravidade. Serão observadas bactérias cujos genomas estão bem caracterizados e suas respostas aos diversos agentes externos são razoavelmente conhecidas. Estas estruturas simples serão submetidas a radiação cósmica e ao UV-A (de forma induzida) sob condições controladas e suas respostas biológicas serão comparadas sob as condições terrestre e espacial. Serão desenvolvidas avaliações quanto à sobrevivência celular, a mutagênese e a identificação das proteínas envolvidas nos mecanismos de reparo celular (proteoma). Teste de evaporadores capilares em ambiente de microgravidade (Cemex) Área do conhecimento: Engenharia Mecânica Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Propósito do projeto: O experimento é formado por dois evaporadores capilares montados em dois circuitos bifásicos com capacidade de transferência de calor de até 100 W, utilizando acetona como fluido de trabalho. O propósito do projeto é desenvolver e aperfeiçoar tecnologia nacional em sistemas de bombeamento capilar para controle térmico de satélites e equipamentos utilizados em ambiente de microgravidade. Minitubos de calor Área do conhecimento: Engenharia Mecânica Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) - Laboratório de Energia Solar e Núcleo de Controle Térmico para Satélites (Labsolar) Propósito do Projeto: A principal função de um tubo de calor é transportar o calor concentrado em alguma região mais quente para uma outra mais fria, de forma a controlar a temperatura de uma superfície de interesse. Sua utilização para o controle térmico de componentes eletrônicos em aplicações terrestres tem crescido nos últimos anos, mas sua eficácia como dispositivo de transferência de calor em ambientes de microgravidade precisa ser comprovada, de forma a ampliar sua utilização para o controle de temperatura de componentes eletrônicos em ambientes espaciais. Nuvens de interação proteíca Área do conhecimento: Microeletrônica, Mecânica e Biologia Instituição: Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA/MCT) - São Paulo Propósito do projeto: O experimento foi concebido com o objetivo de estudar o fenômeno de atomização e a interação de proteínas bioluminescentes em ambiente de microgravidade, de grande importância para o desenvolvimento de novos processos de sintetização de fármacos e de detecção de elementos patogênicos. As nuvens de proteínas geradas no experimento serão filmadas e suas imagens interpretadas científica e artisticamente, aproximando o cidadão comum do mundo da ciência. Nanosonda para ambiente de microgravidade: nanotecnologia no espaço Área do conhecimento: Nanotecnologia Instituição: Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Propósito do Projeto: É de fundamental importância a avaliação dos efeitos da ausência de gravidade na fabricação de novos materiais. Neste experimento, a nanotecnologia será utilizada tanto no material preparado, que atuará como sonda, quanto na forma de inspeção da superfície desse material, com precisão atômica. Aplicações em novas fibras ópticas e sensores nas áreas de meio-ambiente e saúde estão previstas com base no material estudado - um vidro aquecido, onde a migração de nanopartículas de prata é monitorada. Germinação de sementes em microgravidade Área do conhecimento: Biotecnologia e Engenharia Genética Instituição: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) - Unidade Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen) - Distrito Federal Propósito do Projeto: O objetivo deste experimento é o de analisar sementes da espécie nativa Astronium fraxinifolium crescidas no ambiente espacial, quando comparadas com aquelas crescidas no ambiente terrestre. O experimento é projetado para analisar as fases iniciais do crescimento de uma planta arbórea, sob o efeito da microgravidade, luz, radiação e suas combinações. Pode-se também estudar a síntese da clorofila induzida pela luz, o fototropismo, o gravitropismo e outros processos básicos relacionados às plantas. Como esta espécie germina rapidamente, ela se torna um bom modelo para o estudo do processo de germinação e das etapas iniciais de desenvolvimento da planta. Sementes de feijão e cromatografia da clorofila Área do conhecimento: Biologia (educacional) Instituição: Secretaria de Educação de São José dos Campos (SP) Equipe de alunos: estudantes de 7a e 8a série em 2006 Sementes de feijão: Experimento Educacional em Microgravidade Propósito do projeto: Neste experimento educacional, a germinação de sementes de feijão e o crescimento das plântulas serão testados sob diferentes condições de luminosidade e de disponibilidade de água, em ambiente de microgravidade da Estação Espacial Internacional (ISS), visando observar os efeitos de fototropismo, graviotropismo e suprimento de água sobre a germinação e o desenvolvimeto de plântulas de feijão. As sementes submetidas à luminosidade serão fotografadas diariamente e aquelas mantidas em ausência de luz serão fotografadas, apenas, no último dia de vôo. As fotografias serão diariamente transmitidas e disponibilizadas no site da AEB para que estudantes de todo País possam consultá-las. Parte das sementes ou plântulas que retornará à Terra será plantada para que seu desenvolvimento seja monitorado. O experimento será repetido na terra, nas mesma condições de luminosidade e de disponibilidade de água e pelo mesmo período de tempo adotados na ISS. Este projeto tem por objetivos estimular e engajar estudantes na participação das várias possibilidades existentes em pesquisas espaciais. Cromatografia da Clorofila: Experimento Educacional em Microgravidade Propósito do projeto: O objetivo deste experimento escolar é o de observar a cromatografia da clorofila em ambiente de microgravidade. Clorofila de algumas espécies nativas brasileiras será extraída por estudantes e irá compor o âmago das experiências. A bordo da ISS, os pigmentos que compõem a clorofila serão separados por efeito da capilaridade através de um papel para cromatografia. Quando a solução de clorofila flui através do papel de cromatografia, as moléculas de cada pigmento se comportam de maneira diferente, resultando em um efeito tipo arco-íris. O experimento terá um grupo de controle em terra com o mesmo tipo de clorofila estudado na ISS, nas mesmas condições e tempo. Os cromatogramas deverão retornar à Terra para serem comparados. A gravidade afeta o fenômeno de capilaridade, assim sendo diferenças são esperadas nos cromatogramas terrestre e da ISS. Fotos serão enviadas à Terra e liberadas para acesso no site da AEB para consulta de estudantes de todo o País.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.