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Acervo do Banerj volta ao cartaz após quatro anos

Fora de circuito desde 1998, quando o banco foi privatizado, os quadros, gravuras, desenhos e esculturas colecionados poderão ser vistos no Museu do Ingá, Niterói. Em destaque, obras de Portinari, Di Cavalcanti, Tarsila, Anita, Cícero Dias e Guignard

Por Agencia Estado
Atualização:

Quando privatizou o Banco do Estado do Rio de Janeiro (Banerj), em 1998, o governo não se desfez da coleção de artes plásticas da instituição, mas fechou a galeria no centro da cidade onde ela ficava exposta. Só agora, mais de quatro anos depois, esse acervo volta a ser visto, no Museu do Ingá, em Niterói, especialmente reformado para receber a mostra, que ficará lá em caráter permanente. São quadros, gravuras, desenhos e esculturas dos principais nomes no modernismo, artistas como Portinari, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Cícero Dias, Emeric Marcier e Guignard, entre outros, que foram comprados desde a fundação do banco, em 1965. Naquela época, o governador da Guanabara, Carlos Lacerda, quis comemorar os 400 anos da cidade/Estado com a abertura de uma galeria de arte estatal que reunisse imagens do Rio. Até os anos 80, essa coleção cresceu, seja com aquisições de artistas já consagrados seja com encomendas a outros que já possuíam um trabalho consolidado, mas ainda não tinham, na época, renome nacional. No primeiro caso, estão Portinari, Guignard e Djanira. "Não temos obras-primas desses artistas, mas algumas são bastante importantes, especialmente dentro do tema escolhido, a paisagem carioca e fluminense", diz a museóloga Aldeli Memória, que divide a curadoria da exposição com a artista plástica Anna Letycia. "Outros artistas, como Emeric Marcier, criaram especialmente para essa coleção." A organização das obras pretende mostrar como o Rio influiu no trabalho dos artistas. O próprio Museu do Ingá tem sua história. Construído na primeira metade do século 19, tornou-se sede do governo do antigo Estado do Rio em 1904, quando Nilo Peçanha, o governador, o comprou e transferiu a capital de Petrópolis para Niterói. Com a fusão, em 1975, passou a ser mais um prédio administrativo e recebeu poucas benfeitorias até meados dos anos 90, quando foi restaurado para ser o Museu Histórico e Artístico do Estado do RJ. A mostra começa com imagens do Rio feitas no século 19, um gênero hoje valorizado no mercado de arte, e passa para os artistas modernos que viveram no Rio (Portinari, Di Cavalcanti, Djanira, Guignard etc). Há uma sala dedicada ao modernismo paulista (Tarsila, Volpi etc) e à expansão do modernismo a partir da cidade (Carlos Scliar, por exemplo). Alguns artistas, como Cícero Dias, Goeldi e Di, têm salas só para eles. "No caso de Goeldi, temos gravuras com o desenho original e as matrizes, o que enriquece a coleção", explica Aldeli. "Hoje em dia seria muito difícil reunir uma coleção como essa, pois esses artistas alcançaram um preço de mercado inatingível para a maioria dos compradores. É preciso reconhecer também que essa coleção foi formada com o esforço de muitos governantes e mantê-la reunida até hoje é um grande feito."

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