Antônio Calloni dubla Garfield e se prepara para novela

Enquanto o bichano brilha pela segunda vez na telona com a voz dele, Calloni grava Páginas da Vida, novela que substitui Belíssima a partir do próximo dia 10

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Por Agencia Estado
Atualização:

Antônio Calloni é comparsa de Garfield. Defende o mau humor do gato e faz campanha pelo livre exercício da preguiça. Personagem e ator são tão íntimos que no cinema têm até a mesma voz. Apesar da sintonia entre os dois, o direito ao ócio tem sido negado ao dublador. Enquanto o bichano brilha pela segunda vez na telona com a voz dele, Calloni grava Páginas da Vida, novela que substitui Belíssima a partir do próximo dia 10. O telespectador nem sequer teve tempo para sentir saudades. Há menos de dois meses, ele estava em cena com JK. E, antes da minissérie, havia atuado em Começar de Novo (2005). Entre as gravações de Páginas da Vida, o ator ainda encontra tempo para divulgar o filme Anjos do Sol, de Rudi Lagemann, que estréia em agosto e traz Vera Holtz, Chico Diaz e Otávio Augusto no elenco. Logo em sua primeira sessão pública, realizada durante o Festival Internacional de Cinema de Miami, a produção arrematou o prêmio do júri popular para melhor longa de ficção ibero-americano. Garfield tem características muito humanas. Você é parecido com ele em algum aspecto? Eu também gosto de lasanha (risos). Garfield é divertido, até o mau humor dele é engraçado. Também sou divertido, sempre de alto astral. Garfield é um malandro do bem. Mesmo quando tenta sacanear Odie ou John, acaba sendo carinhoso. Assim como ele, eu defendo o exercício da preguiça, que julgo muito importante. Mesmo emendando novelas, minissérie e filmes, é possível pensar em ócio? Você me pegou. Gostar de uma preguicinha eventualmente é uma coisa, conseguir tempo para exercitá-la é outra coisa. Quem diria, estou falando sobre tempo livre. Fica até engraçado! Fiz Começar de Novo, fui para a minissérie JK, agora já estou gravando Páginas da Vida e aguardando a estréia de Anjos do Sol. Bom, faz parte do show. Meu prazer é este. Depois de fazer tantos trabalhos de época, você trabalha pela primeira vez com Manoel Carlos, um autor da contemporaneidade. Qual é a expectativa? Eu gosto de ter essa cara de época (risos). Por outro lado, o contemporâneo é bacana. Sei que todo ator gosta de falar em ´novos desafios´ e acho isso péssimo. É inevitável, não achei outra palavra. Vejo como um desafio mesmo. Novela é sempre a beira de um abismo, nunca se sabe o que vai encontrar no final da queda. Quando a gente acredita na proposta, mergulha na história e vai fundo. Por enquanto, estou adorando gravar. Meu personagem é um cara absolutamente machista, interessado no dinheiro do sogro. A história do Gustavo começa com a mulher dele, Márcia (Helena Ranaldi), em trabalho de parto. Ele está muito orgulhoso porque finalmente vai ter um filho homem. Então vem aí mais um mau-caráter para a sua lista? É, não tenho sido muito bonzinho na TV nos últimos tempos. Os três últimos personagens não foram mesmo exemplos de homens virtuosos. Também em Anjos do Sol faço um homem abominável, um cafetão que comercializa meninas e crianças para a prostituição na zona no garimpo. São cenas fortes, que exige emocionalmente do ator. Eu diria que o personagem do filme é monstruoso, mas gosto desta intensidade. Schmidt (Augusto Frederico Schmidt, de JK) tinha sua artimanhas bem suspeitas, Chateaubriand (Assis Chateaubriand, de Um Só Coração - 2005) dispensa apresentações sobre sua malandragem. Olavinho (de Começar de Novo) também não era flor que se cheire. Bom, eu tinha que me redimir fazendo algo inocente como o Garfield, não? (risos). No caso da novela de Manoel Carlos, as cafajestagens do personagem são diluídas com humor. Ele é engraçado sem querer. Apesar das falhas de caráter, acho que as pessoas não terão ódio dele como geralmente acontece com os vilões. No fundo, ele quer apenas que o sogro (Tarcísio Meira) desista de criar uma Casa de Cultura e reparta a herança com os filhos. Ele já sabia que Márcia vinha de uma família muito rica quando se casou com ela. Foi uma espécie de golpe do baú. Dublar o Garfield foi uma forma de fugir da densidade emocional desses personagens? Foi sim! Nossa, eu estou até cantando no segundo filme! (risos). Adorei o resultado. Foram 16 horas de trabalho, condensadas em dois dias. Cheguei até a sonhar com o Garfield. A alegria do personagem vem na contramão desta onda de violência que estamos vivendo. Apesar de contar com efeitos especiais, acho que o filme consegue preservar uma essência artesanal. As piadas ficaram menos ingênuas e a história é menos infantil do que a estréia. Desta vez, não vai ter limite de idade para gostar de Garfield no cinema.

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