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O artista Anish Kapoor subverte geometria de Versalhes e cria polêmica

Obras do escultor expostas até novembro no palácio francês despertam controvérsias por causa de evocações sexuais e políticas

Por Maria Luisa Gaspar
Atualização:

O escultor Anish Kapoor, um dos mais destacados do mundo, revolucionou o palácio e os jardins de Versalhes e instaurou a polêmica ao subverter a geometria do local com suas obras. Abrigadas até 1 de novembro nas áreas da instituição, as monumentais esculturas do artista, repletas de referências corporais, incendiaram os ânimos dos mais conservadores. As críticas à exposição de Kapoor surgiram depois de uma entrevista publicada no Le Journal du Dimanche, na qual o anglo-indiano, de 61 anos, evocou conotações sexuais da peça Dirty Corner ao descrevê-la como "a vagina da rainha tomando o poder". A escultura, um cone de aço oxidado instalado de frente para a fachada do Palácio de Versalhes, é como um grande orifício de 60 metros de largura diante do jardim criado por André Le Nôtre (1613-1700) para Luis XIV.

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Círculos de extrema direita e ultracatólicos, principalmente, recomendaram que sejam "evitadas visitas em família" a Versalhes. A polêmica faz recordar que em outubro foi instalada na Praça Vendôme de Paris uma ambígua Árvore verde de plástico de 24 metros de altura de Paul McCarthy, que remetia, para muitos, a um brinquedo erótico - mas para o artista tratava-se de uma "árvore de Natal".

As obras de Anish Kapoor têm agora como cenário uma área de 800 hectares que rodeia todo o palácio francês. Alí estão expostos seus característicos jogos de espelhos como o inquietante redemoinho de água, Descension, e o enorme cubo negro com orifícios vermelhos Sectional Body Preparing for Monadic Singularity. Apenas Shooting into the Corner (2008-2009), cujas impressionantes balas carnosas de cera vermelha são lançadas por um canhão tingindo as paredes, está instalada em um recinto fechado. Mesmo que a peça possa evocar a Revolução Francesa, Anish Kapoor assegurou em uma conversa com a filósofa e psicanalista Julia Kristeva, publicada por Versalhes, que seu objetivo "não era provocar comentários políticos".

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