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Como fazer a dublagem de cinema perfeita: inteligência artificial tem o caminho

Cineasta Scott Mann estava incomodado com versões estrangeiras para as falas de Robert De Niro, em 'O Sequestro do Ônibus 657'

Por Reuters
Atualização:

Dublagens e legendas incorretas podem confundir o público e prejudicar as bilheterias de filmes estrangeiros. A IA pode estar prestes a mudar tudo isso. A Start-up Flawless AI, cofundada pelo diretor de cinema Scott Mann, tem uma ferramenta que consegue recriar com precisão a sincronização labial na dublagem sem alterar o desempenho dos atores.  A ferramenta estuda como os atores movem a boca e troca os movimentos de acordo com as palavras dubladas em diferentes idiomas, fazendo parecer que Tom Hanks pode falar japonês ou Jack Nicholson é fluente em francês. Mann se inspirou para criar a ferramenta quando viu como a dublagem afetou a coesão narrativa de seu filme O Sequestro do Ônibus 657, de 2015, estrelado por Robert De Niro

O ator Robert De Niro, que estrelou 'O Sequestro do Ônibus 657' Foto: REUTERS/Carlo Allegri

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"Odeio a dublagem do jeito que está", disse ele à Reuters. "Você tem que mudar tantas coisas para tentar conseguir a sincronia. Você está mudando palavras nas quais os cineastas e artistas pensaram tão profundamente. São jogadas fora para encontrar uma palavra diferente que se encaixe, mas nunca realmente se encaixa."  Mann decidiu fazer algo a respeito dessa notável incompatibilidade. Depois de alguma pesquisa, ele descobriu um white paper de Christian Theobalt, do Max Planck Institute for Informatics, apresentando uma nova abordagem que usa inteligência artificial para recriar efeitos visuais humanos realistas.  A ferramenta serviu para traduzir uma cena de De Niro em O Sequestro do Ônibus 657. "Essencialmente, é capaz de pegar um 'ooh' de De Niro 20 minutos antes e colocá-lo em um momento diferente do filme", explicou Mann. "Ele mede ao mesmo tempo e combina para que o desempenho seja o mesmo, mas é um movimento de boca diferente." 

Assista ao trailer:

A Flawless AI está agora trabalhando com produtores e estúdios para integrar a tecnologia na pós-produção. Mann acredita que essa tecnologia mudará o jogo, ajudando a erradicar as categorias de idiomas estrangeiros em mostras de prêmios e criando uma indústria cinematográfica mais inclusiva com um verdadeiro palco global.  "Do ponto de vista do cinema, você verá o surgimento de uma gama muito mais diversificada de estrelas", disse ele. Pode haver uma dissonância e um foco na tecnologia de IA no início, quando ela for introduzida, mas, eventualmente, Mann espera que seu uso seja perfeito. “Quando a experiência se torna rotineira, não mais pensamos nisso e apenas curtimos os filmes”, disse ele. 

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