Como 2022 se tornou um grande ano para os filmes de terror

Gênero liderou as bilheterias em diversos fins de semana

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Por Michael Cavna

THE WASHINGTON POST - Nenhuma estreia de filme reflete melhor as tendências de gosto de muitas audiências no momento do que um pequeno filme que não tem nem intenção de ser lançado nos cinemas.

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O sombrio suspense Sorria foi planejado para ir diretamente para o streaming. Isso é, até que o filme do diretor Parker Finn, que custou US$ 17 milhões, tenha sido avaliado como “muito bom” em testes com o público, disse o chefe da Paramount Pictures, Brian Robbins, ao The Hollywood Reporter recentemente.

Remanejado aos cinemas e impulsionado por campanhas de marketing, Sorria, que é sobre as experiências aparentemente sobrenaturais de um terapeuta, recentemente se destacou em três fins de semana seguidos na bilheteria da América do Norte, faturando mais de US$ 165 milhões ao redor do mundo, quase 10 vezes o seu orçamento.

No embalo do Halloween, os filmes de terror levaram a melhor em cinco semanas desde que setembro começou, se mantendo enquanto são espremidos entre os rastros de Top Gun: Maverick e o próximo mega lançamento esperado para o mÊs que vem, Pantera Negra: Wakanda para Sempre

Mas o que em nome da boa e sangrenta diversão está acontecendo? Para se ter certeza, os grandes estúdios continuam reinando. O topo das bilheterias de Hollywood neste ano esteve cheio de franquias de ação e aventura, assim como desenhos. Se você der uma olhada um pouco mais abaixo, outro tipo de filme aparece: entre os filmes originais, o gênero mais comercialmente confiável e resistente à pandemia no mercado americano é o de filmes de terror.

Considere todos os títulos de terror - incluindo algumas franquias já conhecidas e um longa adaptado de um curta-metragem - e o gênero encontrou seu caminho para ganhar nove fins de semana domésticos na bilheteria em 2022 até agora. E o promissor O Menu (com Anya Taylor-Joy e Ralph Fiennes) e Até os Ossos (Taylor Russell e Timothée Chalamet) ainda vem por aí no fim do ano.

Tem sido tanto um ano dos filmes de terror que até mesmo um filme de super-heróis da Marvel, como Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, de Sam Raimi, acenou para o domínio da forma do diretor de Evil Dead.

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O terror sempre esteve presente em Hollywood, é claro, e de vez em quando o gênero tem grandes anos de destaque, como em 2017, com It, Corra, Split, Annabelle: Creation e Alien Covernant, cada um lucrando mais de US$ 250 milhões ao redor do mundo. Ainda assim há uma confluência particular de fatores rondando os rumos do terror neste ano.

Em dois casos, o conforto da nostalgia de franquias familiares de filmes “slash” ajudou a atrair espectadores. Um dos primeiros destaques nos fins de semana de 2022 foi Pânico (que chegou a arrecadar US$ 140 milhões mundialmente), trazendo o retorno de Courteney Cox, e um dos mais recentes campeões de bilheteria foi Halloween Ends (US$ 84 milhões e contando), destacando o retorno de Jamie Lee Curtis.

Muito da atual onda de popularidade tenha sido impulsionada por roteiros originais como Não! Não Olhe!, de Jordan Peele (US$ 170 milhões globalmente) e Barbarian (US$ 42,3 milhões), ambos vencedores de fins de semana nas bilheterias.

O diretor TI West pontuou duas vezes recentemente com os hits Pearl e X, ambos estrelados por Mia Goth. Os fãs do gênero também abraçaram especialmente O Telefone Preto, Convite Maldito, X, Morte, Morte, Morte, e o lançamento recente Terrifier 2 está ganhando espaço.

“Como fã de terror, me sinto abençoado - toda semana há algo que eu quero assistir no cinema”, diz Meg Hafdahl, podcaster e roteirista cujos livros de terror incluem Her Dark Inheritance e que foi coautora da série de livros Science Of.

Hafdahl pensa que o horror tem sido “o gênero perfeito” para os espectadores que estão voltando após sentirem falta da experiência antes da pandemia. Ali está a “tensão palpável do cinema”, assim como a “tensão e tristeza” compartilhados, ela conta por telefone de Rochester, no Minnessotta. “É por isso que eu amo terror: é uma montanha-russa de emoções para compartilhar com as pessoas”.

Rob Salkowitz, autor de Comic-Con and the Business of Pop Culture, diz que os primeiros momentos da pandemia por si mesmos pareciam um filme apocalíptico de terror dos anos 1970, como The Andromeda Strain ou The Omega Man. Parte do apelo dos filmes de terror, ele diz, estão em enfrentar as ameaças mortais da história, há uma “familiaridade na fórmula”.

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Seja Jason ou Cthulhu, ao menos o assassino no terror segue as regras do gênero, diz Salkowitz por telefone do estado de Washington. “É um aspecto reconfortante de um filme de terror que ele será resolvido, mesmo que você fique assustado”.

Observadores da indústria também notam que as métricas para o sucesso são muitas vezes diferentes com o cinema de sobressalto e terror psicológico. Espera-se que filmes de grande orçamento e muitas estrelas tenham grandes fins de semana de estreia, enquanto filmes menores de horror têm a ‘permissão’ de levar mais tempo para encontrar seu caminho de sucesso nas bilheterias, diz William Earl, editor da Variety.com que é especializado na cobertura de terror.

Um filme de super-herói que “não abre em nove dígitos pode ser uma falha no gatilho”, diz, enquanto um filme como Terrifier 2 voa mais baixo, mas de forma estável.

Especialistas em terror também destacam que, dados os projetos financeiramente seguros, os estúdios estão mais propensos a arriscar em cineastas e atores menos conhecidos, gerando uma diversidade de novas vozes. “As pessoas que estão fazendo filmes de terror não necessariamente podiam fazer filmes de terror antes”, diz Hafdahl.

Ela também acha que Hollywood está apreciando a maleabilidade da forma: “Os estúdios não estão subestimando os espectadores de terror - nós apreciamos personagens bons e bem estruturados”.

E como uma leva de filmes de terror aproveita o boca a boca de “precisa ser visto no cinema”, o gênero está ganhando novos convertidos.”É um gênero tão diverso e grande que há algo para todos”, diz Hafdahl, seja um thriller psicológico de ritmo lento ou um gore radical. A autora acrescenta: “Eu amo que as pessoas estejam experienciando o terror de novo em um espaço comunitário - não apenas em suas casas diante de suas grandes TVs”.

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