"Eu já era mais velho quando o filme original (de 1954) foi relançado. Eu percebi como aquela versão era séria. Era uma metáfora para Hiroshima e Nagasaki. Um filme de monstro com tom sério, é o que eu queria para esse novo filme", explicou. O Godzilla original, produzido pelo estúdio japonês Toho, tinha como base as cicatrizes deixadas pelo fim da Segunda Guerra Mundial e, como o próprio Edwards apontou, o monstro era a encarnação do sofrimento e destruição.
"Eu acho que Godziila é um quadro infinito de possibilidades, por isso que durou tanto tempo. Não é como outras franquias ou personagens em que tudo é focado em uma história e você precisa recontá-la de novo e de novo. Com Godzilla, você pode fazer o que quiser. Confesso que isso foi intimidador", disse. "Nós circulamos milhões de ideias e demorou um ano e meio para chegarmos até a história que parecesse correta para todos".
Edwards é um diretor novato, porém competente. Seu primeiro longa, Monstros, de 2010, impressionou com efeitos especiais finalizados no seu quarto. Com um orçamento de apenas U$500 mil o filme faturou mais de 4 milhões de dólares nas bilheterias. Fã incondicional de Godzilla desde criança, Edwards parecia ser o par perfeito para resgatar o monstro no cinema. Poucos diretores teriam a coragem de admitir que seu primeiro encontro com o mostrou fora através do desenho de Hannah Barbera nos anos 70. "Meus amigos chamam esse projeto de Godzooky", disse ele se referindo ao monstrinho dos desenhos. Brincadeiras à parte, não há sinal de Godzooky no novo filme.
As cenas que o Estado conferiu mostram um visual sombrio de um mundo de incertezas onde o homem não é mais o principal caçador, mas o caçado. Em uma cena, em que o mostro emerge do oceano, a destruição causada por um enorme tsunami, lembra imediatamente o desastre natural de 2004. "Nosso filme é muito baseado no relacionamento homem vs. natureza. Aborda o nosso abuso da natureza e como ela pode se vingar e nos perseguir", disse o diretor de 38 anos. "Mesmo que não haja um monstro que saia do oceano e destrua uma cidade, as conseqüências do que você vê no filme acontecem na vida real. Nós temos tsunami e tornados", compara ele explicando detalhes; "A história é focada em uma família cuja vida é arrasada aparentemente por uma destruição natural há 15 anos". Bryan Cranston e Juliette Binoche formam o casal principal.
Dessa vez também, Godzilla está longe ser o único monstro de força implacável e destruidora. Outras criaturas esquisitas aparecerão no filme, mas quando perguntado Edwards desconversa. Pelo menos ele revelou o tamanho deste Godzilla: 106 metros, o maior que já vimos. "A idéia era fazê-lo o maior possível. Nós queríamos que ele fosse alto o suficiente para que as pessoas pudessem vê-lo de qualquer lugar, porém pequeno o suficiente para que ficasse escondido às vezes. Criamos várias opções, de super alto até o tamanho de um dinossauro e concluímos que em torno de 100 metros seria o ideal", disse ele.
"Tudo que é simples quando se tem apenas três pessoas na equipe e se torna dificil quando se tem 400. Entretanto, o que é dificil quando você tem apenas U$10 se torna mais fácil quando você tem milhões. E isso equilibra o processo. O mais dificil é contar uma boa história, não importa qual o orçamento você tem", concluiu.
CURIOSIDADES SOBRE O NOVO GODZILLA
O estilo do monstro segue o clássico original de 1954, criado pelos estúdios Toho. O novo filme tem também a aprovação do estúdio japonês criador do Godzilla.
O rugido do monstrengo foi recriado com base no original, emprestado gentilmente pelos estudios Toho; O sonoplasta Erik Aadahl (de Transformers e A Árvore da Vida) foi encarregado de recriá-lo para a qualidade digital.
O produtor executivo do novo filme é Yoshimitsu Banno, diretor do cult de 1971, Godzilla Vs The Smog Monster. Ele também foi assistente do lendário diretor japonês Akira Kurosawa.