'Espero que as pessoas descubram o encanto de Snoopy e Charlie Brown', diz diretor da animação

Steve Martino e Carlos Saldanha falam de ‘Snoopy’ e da Blue Sky na Comic Con Experience

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Depois que Frank Miller – o lendário quadrinista que reformatou o Batman, convertendo-o em Cavaleiro das Trevas –, cancelou sua coletiva de imprensa ontem na Comic Con Experience, o evento em São Paulo conta com dois outros ases do cinema para tentar reverter o fiasco. Os diretores Steve Martino e Carlos Saldanha participam hoje de um painel para falar de animação. Ambos são parceiros na Blue Sky. Martino conversou na quarta-feira, 2, com o repórter sobre o longa Snoopy & Charlie Brown – Peanuts, o Filme, que estreia em janeiro nos cinemas brasileiros. Saldanha chegou na quinta, 3, a São Paulo. É o criador das séries A Era do Gelo e Rio. Saldanha dirigiu três filmes da primeira (o terceiro em parceria com Mike Thurmeier). Martino dirigiu o quarto. E Martino também dirigiu dois curtas com Scrat, o esquilo às voltas com a avelã, cujas aventuras se tornaram emblemáticas da Blue Sky.

Martino antecipou o teor da conversa de hoje, que também terá participação do ator Lúcio Mauro Filho, que dubla Po em Kung Fu Panda 3. “De minha parte, vou contar histórias de bastidores, sobre como fazemos nossas animações. Desde garoto, sempre quis ser animador. Realizar agora as aventuras de Snoopy é um grande desafio. Não é fácil tentar contentar as crianças e seus pais, mas é o que nos propomos.” Martino conversa com o repórter numa sala do Shopping JK Iguatemi. Para reforçar sua intimidade com o cachorro talvez mais famoso das HQs (ou será o Pluto de Walt Disney?), ele se abraça ao boneco de Snoopy – versão grande – ‘sentado’ a seu lado no sofá.

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O desafio é tanto maior porque Martino trabalha com 3D sobre uma criação original plana. “O traço de Dave (Schulz) era tão característico que não podíamos correr o risco de adulterá-lo. O 3D é hoje praticamente uma exigência do mercado, mas criamos um 3D com cara de 2D. A ideia era modernizar sem trair.” As cores parecem muito mais vivas do que aquelas na lembrança do repórter, que viu os filmes realizados por Bill Melendez nos anos 1970. “Nisso você está absolutamente certo. A paleta de Dave era muito forte. Me lembro como as cores saltavam das tiras, de uma maneira muito viva. As cores de Bill eram mais suaves, eu carreguei nas tintas.” (Risos)

José Cuauhtémoc Meléndez, que se tornou conhecido como Bill Meléndez, foi um animador de origem mexicana – nasceu em Hermosillo – que fez carreira nos EUA. Ele começou trabalhando em filmes que ajudaram a criar a lenda da Disney (Fantasia, Pinóquio, Bambi e Dumbo).

Com o tempo, aproximou-se de Schulz e ganhou a confiança do quadrinista, que o avalizou na passagem dos Peanuts para a televisão e, depois, o cinema. “Bill morreu nonagenário em 2008, mas, quando iniciamos nosso projeto, procuramos artistas gráficos que haviam trabalhado com ele. Descobrimos um tesouro incalculável. Não apenas a base de seus desenhos, que nos serviu de matriz, mas algo extraordinário. Bill fez muitas gravações fornecendo sua voz para Snoopy e Woodstock. Conseguimos resgatar parte desse material e você deve ter notado que há um crédito para ele, como a voz desses personagens.”

O diretor surpreende-se com uma observação do repórter – no embate aéreo de Snoopy com o Barão Vermelho, a echarpe esvoaçante do cãozinho lembra uma imagem famosa do Pequeno Príncipe (que também virou animação). É alguma homenagem? “Nunca me passou pela cabeça, mas você sentiu isso? Jura? É uma honra porque o Pequeno Príncipe é outro personagem incrível.”

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