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Globo de Ouro retorna mais sóbrio e menos festivo após boicote de Hollywood

Colunistas especializados acreditam que, na festa da terça-feira, estrelas serão questionadas se estão confortáveis em estarem ali

Por Andrew Marszal

AFP - Os Globos de Ouro, ofuscados por escândalos nos últimos anos, tentarão nesta terça-feira, 10, recuperar seu prestígio diminuído com uma gala em Los Angeles na qual concorrerão grandes sucessos como Top Gun e Avatar, assim como Os Fabelmans, de Steven Spielberg.

A transmissão dessa cerimônia tradicionalmente marcava o início da temporada de premiações de filmes, mas saiu do ar no ano passado após acusações de falta de diversidade e práticas antiéticas de seus organizadores, a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês).

A 80ª edição do Globo de Ouro será realizada na próxima terça-feira Foto: Robyn Beck / AFP

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Depois de algumas mudanças em relação ao HFPA, a rede de TV americana NBC vai transmitir a 80ª edição dos Globos de Ouro (no Brasil, será pela TNT, a partir das 22h), para a qual foram convidadas as principais estrelas da indústria.

Grandes nomes como Spielberg, cujo filme personalíssimo Os Fabelmans chega como favorito para vencer como melhor drama, e Eddie Murphy, que será premiado por sua carreira, são esperados.

O comediante Jerrod Carmichael animará a cerimônia, que contará com o diretor Quentin Tarantino entre os apresentadores. Mas alguns indicados ainda não responderam.

O comediante vai ser o mestre de cerimônias do Globo de Ouro Foto:

Pete Hammond, colunista da publicação comercial Deadline, prevê uma cerimônia “diferente” daquelas da era da ostentação, purpurina e opulentas festas regada a champanhe, comuns antes da cobiça e do boicote da indústria à gala.

“Eles vão silenciá-los. Não há festas para ir depois da cerimônia. Os estúdios não estão gastando muito dinheiro com isso”, disse à AFP.

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Quem passar pelo tapete vermelho será abordado por jornalistas com perguntas como “Você se sente confortável aqui?”, ou “As mudanças foram satisfatórias para você?”, aposta Hammond. “Não será apenas ‘que estilista você está vestindo esta noite’?”

Ao contrário do Oscar, o Globo de Ouro divide suas categorias entre drama e comédia ou musical.

No drama, Os Fabelmans, de Spielberg, enfrenta duas das produções de maior bilheteria do ano passado: Top Gun: Maverick, estrelado por Tom Cruise, e Avatar: O Caminho da Água, de James Cameron.

Tár, uma janela para o mundo cruel da música clássica, e Elvis, a cinebiografia sobre o rei do rock n’roll, podem surpreender. Seus protagonistas Cate Blanchett, que interpreta uma implacável maestrina, e Austin Butler, que se coloca no lugar de Presley, lideram a briga pelos prêmios de atuação nas categorias dramáticas.

Brendan Fraser, um indicado para The Whale que diz ter sido assediado de forma lasciva por um ex-presidente da HFPA, descartou a participação na gala de terça-feira.

Também é improvável que Cruise, um dos produtores de Top Gun: Maverick, apareça depois de devolver seus três prêmios em protesto contra o HFPA em 2021.

Os Banshees de Inisherin lidera com oito indicações este ano, e é o favorito para ganhar o prêmio de melhor comédia. Seu protagonista Colin Farrell também se destaca como melhor ator de comédia.

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O filme, que retrata o fim abrupto de uma amizade em uma ilha remota da Irlanda, concorre com a produção do multiverso Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo, que também pode premiar por suas atuações Michelle Yeoh, Jamie Lee Curtis e Ke Huy Quan.

A HFPA expandiu seu corpo de votação em cerca de 100 pessoas para torná-la mais diversificada racialmente, dificultando as previsões.

Nas edições anteriores, o sucesso no Globo de Ouro foi um indicador importante para os filmes que buscam se destacar no Oscar, e também serviu como uma valiosa ferramenta promocional.

Mas isso mudou devido a escândalos recentes. Embora alguns outdoors e anúncios noticiem o retorno do prêmio após a ausência do ano passado, poucos indicados agradeceram publicamente ao HFPA.

De acordo com Hammond, alguns na indústria aspiram secretamente colocar a cerimônia de volta nos trilhos porque é uma grande “engrenagem da temporada de premiações” que “está em Hollywood há 80 anos”. “Você não pode comprar tradição”, disse ele.

Mas as reclamações sobre a falta de diversidade, suposta corrupção e falta de profissionalismo “apagaram” o brilho do Globo de Ouro quando se trata de influenciar o resultado do Oscar, acrescentou o colunista. “Quando todas as histórias (sobre o Globo de Ouro) tratam do escândalo, acho que isso as torna menos críveis aos olhos dos eleitores do Oscar.”