Filho de ator - Giacomo Rossi Stuart -, Kim Rossi Stuart apresentou seu novo filme como diretor, Brado, no fim de semana passado, na Reserva Cultural. O longa está na programação online do Festival de Cinema Italiano. Kim já veio ao Brasil em outra mostra italiana, há mais de dez anos. Desta vez trouxe o filho, de 11 anos. Tem mais dois filhos, um bebê de 9 meses e outro de 3 anos e meio. Por que só um? “Os outros são muito pequenos e esse está numa fase em que a presença do pai é muito importante. A viagem nos aproxima, estamos só os dois.”
Paternidade
A paternidade está no centro da obra de Kim como diretor. Em 2007, em sua estreia autoral com Estamos Bem Mesmo Sem Você, o tema já era a ligação de um pai abandonado pela mulher com os dois filhos que ela deixou para trás.
Em Tommaso, de 2016, de novo as relações familiares, mas agora um filho e a mãe. E agora, com Brado, de novo pai e filho. O pai, Kim, é adestrador de cavalos. Sofreu um acidente, quebrou a mão. O filho, um jovem adulto, vem ajudá-lo. A doma vira metáfora. “Mais do que domar o cavalo bravio, os dois estão querendo domar a vida, e se entender.” Os três filmes formam uma trilogia. Brado baseia-se numa das histórias de um livro de racontos que Kim lançou não faz muito tempo na Itália. Ele já sonha com o quarto filme, baseado em outra história do livro.
Ama escrever. “Gosto de todas as etapas, mas o roteiro sinto que é a parte mais íntima. A realização tem de ser compartilhada com muita gente no set - atores, técnicos. E a montagem é boa, mas também é sofrida. A gente tem de cortar, desapegar. Se não for assim, o filme não toma forma”, explica.
Brado recebeu ótimas críticas na Itália. Matérias de página inteira, elogios superlativos. Estreou em outubro, ficou uma semana em cartaz. “Não é um fenômeno italiano. Tem ocorrido em todo o mundo. O público desertou das salas na pandemia. É preciso motivar o público a voltar.”
Vinda ao Brasil
Topou imediatamente o convite para vir ao Brasil, e explica por quê. “Quero muito ver a reação de outro público ao filme, aos personagens. A família pode ser um tema universal, mas existem particularidades na cultura de cada país.”
A mãe abandona os filhos em Estamos Bem Mesmo Sem Você. A mãe abandona o marido, tem um amante jovem em Brado. Kim foge a uma possível acusação de misoginia. “As relações são complicadas, como ator e diretor gosto de dar vida a pessoas com dificuldade de ser no mundo.” O fato de ser ator nos próprios filmes? “Sempre penso em outros atores, mas na hora eles me deixam na mão. Ainda farei um filme sem interpretar”, diz.