Kim Rossi Stuart traz ao Brasil seu elogiado filme ‘Brado’, sobre paternidade

Diretor que tem as relações familiares no centro da sua obra diz ter vindo ao País para ver a reação de outro público a seu longa

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Por Luiz Carlos Merten

Filho de ator - Giacomo Rossi Stuart -, Kim Rossi Stuart apresentou seu novo filme como diretor, Brado, no fim de semana passado, na Reserva Cultural. O longa está na programação online do Festival de Cinema Italiano. Kim já veio ao Brasil em outra mostra italiana, há mais de dez anos. Desta vez trouxe o filho, de 11 anos. Tem mais dois filhos, um bebê de 9 meses e outro de 3 anos e meio. Por que só um? “Os outros são muito pequenos e esse está numa fase em que a presença do pai é muito importante. A viagem nos aproxima, estamos só os dois.”

Director Kim Rossi Stuart attends the photocall for the movie "Tommaso" at the 73rd Venice Film Festival in Venice, Italy September 6, 2016. REUTERS/Alessandro Bianchi Foto: ALESSANDRO BIANCHI / REUTERS

Paternidade

A paternidade está no centro da obra de Kim como diretor. Em 2007, em sua estreia autoral com Estamos Bem Mesmo Sem Você, o tema já era a ligação de um pai abandonado pela mulher com os dois filhos que ela deixou para trás.

O diretor e ator italiano Kim Rossi Stuart, do filme 'Brado', está no Brasil para exibição do longa no Festival de Cinema Italiano. Foto: Riccardo Ghilardi

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Em Tommaso, de 2016, de novo as relações familiares, mas agora um filho e a mãe. E agora, com Brado, de novo pai e filho. O pai, Kim, é adestrador de cavalos. Sofreu um acidente, quebrou a mão. O filho, um jovem adulto, vem ajudá-lo. A doma vira metáfora. “Mais do que domar o cavalo bravio, os dois estão querendo domar a vida, e se entender.” Os três filmes formam uma trilogia. Brado baseia-se numa das histórias de um livro de racontos que Kim lançou não faz muito tempo na Itália. Ele já sonha com o quarto filme, baseado em outra história do livro.

Ama escrever. “Gosto de todas as etapas, mas o roteiro sinto que é a parte mais íntima. A realização tem de ser compartilhada com muita gente no set - atores, técnicos. E a montagem é boa, mas também é sofrida. A gente tem de cortar, desapegar. Se não for assim, o filme não toma forma”, explica.

Brado recebeu ótimas críticas na Itália. Matérias de página inteira, elogios superlativos. Estreou em outubro, ficou uma semana em cartaz. “Não é um fenômeno italiano. Tem ocorrido em todo o mundo. O público desertou das salas na pandemia. É preciso motivar o público a voltar.”

Vinda ao Brasil

Topou imediatamente o convite para vir ao Brasil, e explica por quê. “Quero muito ver a reação de outro público ao filme, aos personagens. A família pode ser um tema universal, mas existem particularidades na cultura de cada país.”

A mãe abandona os filhos em Estamos Bem Mesmo Sem Você. A mãe abandona o marido, tem um amante jovem em Brado. Kim foge a uma possível acusação de misoginia. “As relações são complicadas, como ator e diretor gosto de dar vida a pessoas com dificuldade de ser no mundo.” O fato de ser ator nos próprios filmes? “Sempre penso em outros atores, mas na hora eles me deixam na mão. Ainda farei um filme sem interpretar”, diz.

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