'Quando Falta Ar' acompanha a linha de frente do SUS no pior momento da pandemia

Filme é um dos destaques desta segunda, 4, no Festival É Tudo Verdade

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Por Pedro Venceslau
Atualização:

Em março de 2020, a médica infectologista Helena Petta tinha acabado de se tornar mãe, por isso não pode atuar na linha de frente com os colegas da saúde como desejava. Foi então que surgiu a ideia de gravar por skype depoimentos dos profissionais do SUS que estavam arriscando as próprias vidas na pandemia.

Eram histórias de coragem, superação e heroísmo no momento em que o governo federal mantinha um discurso negacionista.

Documentário 'Quando Falta Ar'. Foto: Stela Murgel

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A vacina ainda não existia em outubro daquele ano, quando Helena colocou de pé o projeto de fazer um documentário presencial e saiu viajando pelo Brasil ao lado da irmã, a atriz e cineastas Ana Petta, para rodar o longa Quando Falta o Ar , que é um dos 7 selecionados entre 80 produções na mostra competitiva do festival É Tudo Verdade

O filme foi contemplado no programa Todos Pela Saúde, um comitê de ações permanentes contra a pandemia patrocinado pelo Itaú e que reunia, entre outros, Drauzio Varella e Gonzalo Vecina. "A gente tinha medo, como qualquer pessoa, mas sentimos que era o momento de cumprirmos o nosso papel para construir essa memória, assim como os jornalistas que estavam na linha de frente", disse Ana Petta ao Estadão. 

O filme foi gravado em lugares que, naquele momento, eram verdadeiras zonas de guerra: em São Paulo, no Hospital das Clínicas, em Recife, na UBS do Morro da Conceição, no Pará, no Hospital Municipal de Castanhal e com a equipe de saúde de Igarapé Miri, em Salvador no Complexo Penitenciário Lemos de Brito e em Manaus, com a ONG SOS Funeral.

Ana e Helena, que já tinham trabalhado juntas na série Unidade Básica, da Universal , dessa vez estreiam como dupla na direção. Vale lembrar que o vencedor do festival está automaticamente credenciado para concorrer ao Oscar pelo Brasil. 

"Quando o ritual da morte não era mais possível e a solidão uma constante, nos pareceu fundamental abrir a câmera para os diferentes tempos e dimensões envolvidas no cuidado em saúde, nos aproximando destes profissionais que estavam resistindo em uma das maiores crises sanitárias da história, em um país abandonado por seu principal governante”,disse Helena. 

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Hospital, de Frederick Wiseman, e os filmes de Maria Augusta Ramos, foram as referências de Ana e Helena, que também citam obras mais "sensoriais" como as de Naomi Kawase e contemplativas como as do diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul.

O filme tem o selo da produtora Paranoid,dos sócios Heitor Dhalia e Egisto Betti. Como seguiram à risca todos os protocolos, ninguém foi contaminado durante as filmagens.

13h: sessão virtual: É Tudo Verdade Play (limite de 200 views)

15h: Debate com equipe do filme no canal do É Tudo Verdade no Youtube

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