Para os jornalistas da emblemática revista mensal Cahiers du Cinéma chegou o fim da história: a equipe editorial da publicação que divulgou a célebre Nouvelle Vague do cinema francês decidiu nesta, quinta-feira, 27, abandonar a publicação, discordando de instruções e perfil de seus novos acionistas.
Os 15 redatores assalariados da revista anunciaram em comunicado que optaram pela cláusula de atribuição, um dispositivo inicial que os jornalistas podem ativar em caso de mudança de propriedade.
Richard Schlagman, da Ediciones Phaïdon, que comprou o jornal mensal Le Monde em 2009, vendeu a revista para um coletivo de cerca de vinte personalidades, entre as quais proprietários de televisão a cabo, redes de notícias e Sites de namoro na internet, além de produtores de filmes (Marc du Pontavice, Toufik Ayadi, Christophe Barral, Pascal Caucheteux).
"Os novos acionistas, incluindo oito produtores, levantam um conflito de interesse imediato em uma revista de crítica. Quaisquer que sejam os artigos publicados nos filmes desses produtores serão suspeitos de complacência", sublinha a declaração editorial.
Os jornalistas da revista mensal já haviam expressado publicamente seus medos e consideram que os compradores não os ouviram. Bíblia dos cinéfilos, a revista foi fundada em 1951 por André Bazin e contribuiu decisivamente para o nascimento da Nouvelle Vague, com colaboradores que imediatamente se tornaram diretores, como Jean-Luc Godard, François Truffaut e Claude Chabrol. As vendas da revista caíram nos últimos anos, de 15.000 cópias em média em 2015 para 12.000 no ano passado.