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Gravuras de Volpi batem recorde em leilão

Obras do espólio do pintor superaram as expectativas do leiloeiro James Lisboa e alcançaram algo em torno de R$ 100 mil

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Foto do author Antonio Gonçalves Filho
Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

Nem mesmo o leiloeiro James Lisboa, com seus 40 anos de experiência no mercado, imaginava que o leilão de gravuras pertencentes ao acervo do pintor Alfredo Volpi (1896-1988) fosse alcançar um patamar tão alto: obras cujos lances mínimos giravam em torno de R$ 1 mil ou R$ 2 mil, dispararam no leilão que termina hoje, chegando a quase R$ 100 mil – caso de uma Madona (R$ 94 mil) e uma gravura com bandeirinhas ( R$ 97 mil).

O preço médio de gravuras com lance inicial de R$ 500 alcançaram entre R$ 20 mil e R$ 25 mil, o que comprova a posição do pintor moderno como um dos nomes mais caros e disputados do mercado brasileiro. O reflexo do leilão foi imediato no mercado com uma corrida de colecionadores a galerias em busca de compradores para suas telas ou de obras suas à venda. ”Todos os lotes foram confirmados antes do leilão”, conta James Lisboa, que realiza hoje a terceira noite do pregão com lotes que trazem um conjunto de 10 gravuras cada, atração ainda maior que nas duas primeiras noites.

A madona de Volpi, arrematada por R$ 97 mil reais Foto: Espólio Volpi

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Só na primeira noite foram vendidos 85 lotes e o leilão durou nada menos que três horas. Na segunda, foram 144 lotes e, nesta terceira noite, são 136 lotes confirmados. ”Fiquei impressionado com o resultado das duas primeiras noites, pois todos os lotes foram vendidos”, diz James Lisboa, fiel depositário das gravuras que pertencem ao espólio de Volpi. “A alta qualidade desses trabalhos e uma demanda reprimida por sua obra respondem pelos preços, que dispararam”.

De fato, Volpi virou um fetiche, como definiu um conhecido marchand que comercializa telas do artista. Como os preços de suas pinturas são estratosféricos, acima de R$ 1 milhão, novos colecionadores apostam em obras de papel do pintor, apesar de Volpi não ter produzido especialmente nesse suporte – as gravuras do leilão são obras feitas com base em pinturas em têmpera e produzidas por gráficas em diferentes técnicas (serigrafia, litogravura e impressão offset). Contudo, o que torna especiais essas gravuras que estavam no ateliê de Volpi quando o pintor morreu é que todas elas são assinadas e trazem a marca d’água do Espólio Volpi com certificado de origem.

Volpi em seu ateliê com uma tela de bandeirinhas, tema pelo qual ficou conhecido  Foto: Rômulo Fialdini

Gravuras do artista encontradas no mercado por preços entre R$ 2 mil e R$ 5 mil não têm essa garantia. O leilão de Volpi vem acompanhado de um catálogo publicado pelo leiloeiro e traz algumas curiosidades que estarão no catálogo raisonné que se pretende editar com base nessa coleção de 3.179 gravuras. Os temas tratados na pintura do artista – bandeirinhas, mastros, fachadas, santos, figuras mitológicas – estão representados nessas gravuras, tiradas de obras históricas suas.

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