O escritor e jornalista Euclides da Cunha é apontado como um dos autores que influenciaram o pensamento de Monteiro Lobato. O autor Pedro Bandeira, no entanto, discorda. “Euclides foi um pai da sociologia brasileira, ao verificar in loco a verdadeira situação de abandono do nosso sertanejo e seria de se esperar que seu diagnóstico social se tornasse regra e que Lobato o refletisse ao analisar o caboclo do Vale do Paraíba”, comenta o escritor. “Mas qual! Nas páginas do Estado, menos de duas décadas depois de Os Sertões, Lobato publica as violentas crônicas Urupês e A Velha Praga, responsabilizando a preguiça do caboclo pela ruína de sua Fazenda Cambuquira, que ele havia herdado e levado à falência.”
:quality(80):focal(-5x-5:5x5)/cloudfront-us-east-1.images.arcpublishing.com/estadao/ARAWFTSLRRMR7MKUBGC2QQTFZM.jpg 768w, https://www.estadao.com.br/resizer/_vnuIKL0ZdfKR6spG7Dkzc-dwTQ=/768x0/filters:format(jpg):quality(80):focal(-5x-5:5x5)/cloudfront-us-east-1.images.arcpublishing.com/estadao/ARAWFTSLRRMR7MKUBGC2QQTFZM.jpg 1024w, https://www.estadao.com.br/resizer/dpIDxsgpeP3PsZYotEW1trsUmUs=/936x0/filters:format(jpg):quality(80):focal(-5x-5:5x5)/cloudfront-us-east-1.images.arcpublishing.com/estadao/ARAWFTSLRRMR7MKUBGC2QQTFZM.jpg 1322w)
Bandeira acredita que Monteiro Lobato não levasse em consideração a Lei da Terra de 1850, que estabelecia a compra como a única forma de acesso à terra. “Como os escravos, o camponês, agora agregado, fazia o mínimo necessário à sua pobre sobrevivência, sabendo que poderia, de uma hora para outra, ser ‘tocado para fora’ da terra que cultivava. Aí estava desenhada a personagem ‘preguiçosa’ de Jeca Tatu.”
Mas, ao pesquisar a precária situação da saúde no Brasil, “Lobato concluiu que a ‘preguiça’ do Jeca não se devia ao seu mau-caráter, mas a seu sofrível estado de saúde e às doenças endêmicas. Daí o Jeca vira Jeca Tatuzinho e o escritor o protege e aponta caminhos para sua redenção”.