Aquela que se acreditava ser uma das maiores perdas do mundo literário foi encontrada depois de quase 60 anos: A carta de Joan Anderson, como ficou conhecida. Escrita em 1950 por Neal Cassady (1926-1968) a seu amigo Jack Kerouac (1922-1969), ela é apontada como a inspiração para o best-seller On The Road. O livro é considerado a bílblia da geração beat, movimento literário de dos anos de 1940 e 1950 de estilo livre e, por vezes, até caótico.
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Na carta, Cassady descreve Joan Anderson, uma mulher com quem ele havia passado um final de semana. O texto com mais de 16 mil palavras e 18 páginas é resultado de um fluxo de consciência depois do uso de anfetaminas. O estilo sem regras e sem se importar com pontos ou parágrafos inspirou Kerouac a desenvolver seu estilo em On The Road.
“Tive a ideia do estilo espontâneo de On The Road vendo como o bom e velho Neal Cassady escrevia suas cartas para mim, em primeira pessoa, rapidamente, de forma louca, confessional, completamente sério, cheia de detalhes e nomes reais”, disse Kerouac em entrevista à revista The Paris Review, em 1968.
Até sua descoberta, acreditava-se que a carta tivesse sido perdida por Allen Ginsberg (1919-1997), poeta e amigo de Kerouac, em um barco. “Era uma propriedade minha, a carta era para mim. Allen não deveria ter sido tão descuidado”, contou Kerouac.
Mas agora, depois de 60 anos, Ginsberg pode ser perdoado. A carta foi encontrada pela filha de um dono de uma gravadora que dividia escritório com a antiga editora Golden Goose Press, em São Francisco. Ginsberg teria mandado a carta com a intenção de publicá-la.
A carta de Joan Anderson deve ser leiloada no dia 17 de dezembro pela Profiles in History, no sul da Califórnia. Para o diretor do Museu Beat, Jerry Cimino, o mundo merece ver este manuscrito, que ele considera histórico.“No mundo dos beats é para além do histórico. É realmente o Santo Graal da Geração Beat, já que ficou perdida por tantos anos e pela lenda e fascínio que se criou sobre ela”.
Ainda não se sabe o valor inicial de venda, mas o manuscrito original do romance de Kerouac foi vendido em 2001 por US$ 2,4 milhões.
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