VATICANO - O cineasta americano Martin Scorsese e o papa Francisco participaram de um diálogo intergeracional em Roma nesta terça-feira (23). O motivo do encontro foi a publicação de um livro de reflexões por pessoas na terceira idade, para qual os dois colaboraram.
No encontro, o diretor de 75 anos perguntou ao papa como a fé de um jovem poderia sobreviver em um mundo violento e cruel como o atual. Francisco lamentou que a crueldade seja parte da nossa cultura e que tratem a tortura como algo normal, mas emendou uma solução. “A não-violência, a amizade, a ternura podem transfigurar os conflitos mais difíceis”.
Sharing The Wisdom of Time (Sabedoria das Idades, disponível no Brasil pelas Edições Loyola) é um livro coletivo, em que pessoas experientes compartilham histórias de vida e o papa reage com reflexões curtas a elas. Na obra, Scorsese conta sobre as dificuldades de seu início de carreira. Entre alguns episódios, cita quando seu mentor Elia Kazan não quis ler seu manuscrito e quando um produtor lhe disse não enxergar qualquer talento.
“Aprendi mais com o fracasso, a rejeição e a verdadeira hostilidade do que com o sucesso”, afirma o cineasta nas páginas do livro. "Quem lhe diz que você não vale nada não pode pará-lo", responde o papa Francisco, de 81 anos, ao artista americano.
A essa história, o líder da Igreja Católica acrescenta que não aceita a afirmação de que cada um nasce com um destino já escrito. "Nossa vida não é como um filme com cenas predeterminadas. Um diretor sabe disso melhor que ninguém".
No prefácio da obra, o papa defende um diálogo entre gerações e conta que a voz dos mais velhos foi silenciada na sociedade de hoje. A obra, publicada por uma editora italiana e outra americana, traz entrevista e fotografias de pessoas idosas em 30 países, para servir de inspiração aos mais jovens. Além de Scorsese, há por exemplo, um cego tecelão do Quênia e um casal da mesma nação juntos há mais de 50 anos. /AFP