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Opinião|É Tudo Verdade 2018: 'O Processo'

Documentário de Maria Augusta Ramos reproduz os passos que conduziram ao impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016

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Foto do author Luiz Zanin Oricchio
 Foto: Estadão

 

De modo telegráfico, passo por aqui apenas para deixar a dica: não deixem de ver hoje, no É Tudo Verdade, O Processo, de Maria Augusta Ramos, sobre o impeachment de Dilma Rousseff. O filme passa em duas sessões, às 17h e 20h, no IMS, na Avenida Paulista, 2424. A segunda sessão será seguida de debate com a diretora e convidados. Quem serão esses convidados? Até agora não se sabe. Mas pode haver surpresas na mesa.

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O filme é um compacto de 130 minutos dos passos que levaram à deposição da presidente eleita em 2014 com 54 milhões de votos. Foi montado a partir de mais de 400 horas de gravação disponíveis. Forma um relato coerente e consistente dessa travessia histórica.

Muitas das imagens são conhecidas dos brasileiros, como a sessão da Câmara que permitiu o seguimento do processo, com votos "dedicados à minha mulher, minha família e meu time de futebol" e coisas do gênero. Ou as performances histéricas da advogada Janaina Paschoal. Inclusive aquela em que pede desculpas por algum sofrimento que possa estar causando a Dilma mas que ela compreenderá, fez isso por seus netos. Netos dela, presidente.

Outras cenas acrescentam sentido, como as obtidas pela diretora junto à senadora Gleisi Hoffman, o advogado José Eduardo Cardozo e do senador Lindbergh Farias.

Enfim, não se trata de descrever o que já se sabe. A impressão deixada pelo filme é penosa. Mergulhamos nele com a sensação de estarmos num rio poderoso, que tudo arrasta em sua passagem, indiferente à ação dos homens. Nada poderia deter aquele processo porque, como diz a certa altura Lindbergh Farias, era um jogo de cartas marcadas. Uma encenação, para dar legitimidade política e jurídica a algo já definido de antemão e talvez em outras instâncias.

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As cenas de abertura e fechamento são dignas de nota. Nas primeiras, as cercas que separavam as torcidas contra e pró Dilma na votação da Câmara pela abertura do impeachment, imagens da sociedade dividida. Nas últimas, nuvens ameaçadoras se formam sobre o Planalto. Nuvens que não se dissiparam, mas se adensam, como se sabe.

O filme, junto com outros, é indispensável para marcar esse momento trágico da História brasileira. Servirá como fonte de compreensão para o olhar, quiçá sereno e imparcial, de historiadores do futuro.

Opinião por Luiz Zanin Oricchio

É jornalista, psicanalista e crítico de cinema

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