Sucesso nos anos 1990 com Madonna, o slip dress volta às passarelas

Criada originalmente nos anos 1930, a peça retorna a sua essência pelas mãos das principais grifes internacionais

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Muito se fala sobre as reinvenções das silhuetas da década de 1960, das referências à era disco dos 1970 e da exuberância dos 1980. Os 1990 também são sempre revisitados – ora pela estética grunge, ora pelo minimalismo – e até os 2000 já ganharam status de década nostálgica. No entanto, muitos dos clássicos do universo fashion surgiram antes disso, na primeira metade do século, em décadas marcadas pelas grandes guerras mundiais e suas consequências, um período de grandes transformações sociais que mudaram drasticamente a forma de se vestir. Neste cenário, mais precisamente nos anos 1930, foi criado o slip dress, um estilo de vestido sem muita estrutura, que desliza no corpo – daí seu nome, já que o termo “slip” em inglês significa escorregar.

O modelo é pautado pela facilidade de vestir, não tem estruturas rígidas que restringem o corpo, mas também são exageradamente fluidas e cheias de movimento. Uma das primeiras definições do estilo apareceu em uma edição de 1934 da revista de moda americana Vogue, que falou sobre “a chegada da silhueta reta e ‘escorregadia’”.

Criada originalmente nos anos 1930, a peça retorna a sua essência pelas mãos das principais grifes internacionais  Foto: Valentino, Bottega Veneta, Fendi, Chloé e Prada

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O estilo que define a moda da década de 1930 foi revivido nos 1990 com grande sucesso. Coincidentemente, na época um dos movimentos da moda falava sobre usar roupas íntimas em situações sociais e isso influenciou a estética do slip dress. Em consequência desse mix, a imagem mais comum quando o assunto é slip dress é a de um vestido de seda, sustentado no corpo por alças finas e chegando próximo ao joelho – descrição que caberia também em uma camisola. Um dos exemplos mais famosos desse estilo vem da cantora Madonna no clipe de sua música Like a Prayer, de 1989.

A associação dos dois universos, o de uma peça que normalmente seria usada para dormir com o de um vestido visto como elegante, fashionista e sensual, transformou o slip dress. A mistura aconteceu a tal nível que hoje em dia um erro no nome do vestido se tornou comum: em vez de slip dress, muitos o chamam de sleep dress, vestido de dormir, em inglês.

O que vimos nas passarelas de 2022, no entanto, desmonta essa conexão feita entre o slip dress e a camisola. Diretores criativos como Kim Jones, na Fendi, Gabriela Hearst, na Chloé, e o duo Miuccia Prada e Raf Simons, na Prada, trouxeram para suas coleções novas versões do vestido. Vivemos um momento da moda em que os exageros e as particularidades únicas de cada um são celebrados, o que novamente transforma esse clássico. Sai o visual camisola e entram intervenções como os franzidos na linha do busto ou na cintura, que acentuam a sensualidade da peça e trazem mais informação de moda.

Quem lançou mão desse recurso foi o francês Matthieu Blazy, na coleção de resort da marca italiana Bottega Veneta, que além do franzido traz uma versão de slip dress feita com paetês e pedrarias. Um mix de brilho e cor que não poderia ser mais distante da ideia de “camisola”.

A versão com brilho também aparece na passarela da Valentino de Pierpaolo Piccioli. Um curtíssimo slip dress reluziu em tons de verde e preto na passarela do último desfile da grife. Na Fendi, a silhueta slip também é reforçada e os vestidos dançam com o caminhar das modelos na passarela. O que os distancia da imagem da camisola são estampas, assimetrias e mix de materiais. Já a moda intelectual da Prada traz estrutura para a peça, mas faz isso sem deixar de lado sua essência esguia e leve. De forma similar, a Chloé traz, para sua coleção de pré-outono inverno 2023, um slip dress todo de couro. Com a infinidade de variações nas coleções internacionais recentes é fato que o slip dress chega como tendência máxima para a temporada.

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