Munhoz e Mariano: show em São Paulo leva animação do palco para plateia

POR CRISTIANE BOMFIM(cristiane@gmail.com)

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Por Cristiane Bomfim
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 Foto: Rosa Marcondes

Dez e meia da noite. As luzes do Credicard Hall, na zona sul de São Paulo, se apagam. Do fundo do cenário surge primeiro Munhoz, seguido por Mariano. Já no centro do palco, os donos do hit "Camaro Amarelo" olham com atenção a plateia que canta em coro "Fim de Semana", a primeira do show na casa que já recebeu nomes como Bob Dylan, Rick Martin e o ex-Beatle Ringo Star. Apesar do frio na capital - os termômetros registram 12 graus - o local está lotado. É sábado, dia 27 de julho.

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Mas engana-se quem pensa que a grudenta "Camaro Amarelo" foi a principal responsável por levar os meninos de Campo Grande para um dos principais palcos do Brasil. Com pouco mais de quatro anos de carreira profissional, a receita do sucesso de Munhoz e Mariano envolve investimento pesado em um DVD gravado em maio do ano passado na própria capital do Mato Grosso do Sul, escolha de um repertório jovem e a utilização de redes sociais para aproximá-los dos fãs. Mas o que os difere de muitas outras duplas sertanejas que surgem todos os dias no cenário musical é o entrosamento da dupla com sua equipe. Seus shows tem ar de festa que começa em cima do palco e contagia o público. "Se nós não nos divertimos e não gostarmos do que fazemos, fica difícil fazer o público se empolgar", revela o baixista da banda, Willian Ferreira dos Santos, de 23 anos.

Com cenário idêntico - mas em proporções menores - ao da gravação do DVD em maio do ano passado em Campo Grande e transmissão ao vivo pelo canal Multishow, Munhoz e Mariano levam ao público um show bem parecido com o que tem sido levado a outras cidades. Munhoz, a segunda voz da dupla, parece nervoso. "Não que eu tenha costume de ficar tranquilo. Acho que por causa desse lance de passar ao vivo na TV comecei a ficar nervoso, inquieto, andava de um lado par o outro e comia a toda hora", conta. A tranquilidade só chegou durante a execução da quarta música. A banda, pelo contrário, se mostra muito à vontade no palco.

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Canções animadas como "Balada Louca", "Casa Amarela", "Eu Vou Pegar Você e Tãe" e "Vem Cuidar do Seu Bebê" ganham mais espaço no repertório. Aliás, "Camaro Amarelo", a música eleita a melhor do ano (em 2012) pelo programa Domingão do Faustão, da rede Globo, é cantada duas vezes. No palco, entre risadas e passinhos ensaiados nos bastidores a banda dá o tom do espetáculo.

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Exemplo claro é o momento funk da apresentação. Quem ocupa posição de destaque é o baterista Bruno Mendes, de 24 anos. Na banda há três anos, tem a fama de brincalhão. E foi numa brincadeira dentro do ônibus da equipe entre um show e outro, que ele começou a cantar funk para sacanear os colegas. Foi aí que Munhoz e Mariano tiveram a ideia de introduzir músicas como "Prisioneira" (do Bonde do Tigrão), "Malha Funk", "Passinho do Volante" (MC Federado e os Leleques), "Ela é Top" (MC Bola) no meio da apresentação.

Com desenvoltura surpreendente, é o baterista quem dita o ritmo, acompanhado de Mariano. Mas no começo, ele contou que sentiu vergonha. "Quando eles pediram para eu entrar no palco cantando eu recusei. Nem sei cantar. Só mudei de ideia quando o Mariano disse que ia comigo", lembra. O teste foi em um show em Fernandópolis, no interior de São Paulo. E foi um sucesso. "Tanto que estamos nessa até hoje", conta. Mariano rebola. O baterista canta - e vez ou outra tenta acompanhar o artista no requebrado.

O responsável pelos passinhos é o paranaense Jaime Serejo, de 29 anos. O sanfoneiro conta que antes de integrar a banda de Munhoz e Mariano tocava em bandas de baile e, por isso, aprendeu a dançar. "Não consigo ficar parado no palco", confessa ele que faz parte da equipe desde 2010 e é um dos principais responsáveis pela identidade extrovertida do grupo. "Uma das coisas que me pediram foi para ajudar a dar esse ar animado para a banda e colocar a galera para interagir durante o show". Deu certo.

"Nosso show é diferente dos das outras duplas. Aqui todo mundo brinca e se diverte. Somos uma família", conta Josimar Aparecido de Matos, o Neguinho, de 26 anos. Nos bastidores, o que se comenta é que ele é um dos mais 'duros' na hora de dançar. "Mas eu estou melhorando", diz. Só perde para o tecladista Tuba, que além de tudo é tímido. "Sem essa equipe não seríamos nada. Somos amigos também quando estamos de folga. Existe uma sintonia", confessa Mariano.

As canções mais românticas - entre elas a atual de trabalho "A Bela e o Fera" e "Uma Saudade" - também têm espaço no repertório e se tornam mais especiais para quem vê dos camarotes casais se abraçando e trocando carinho. "A Bela e o Fera é a nossa música. A diferença é que eu que ensinei meu namorado a ir ao bar e gostar de sertanejo", conta a estudante Priscila Aracanjo Soares, de 20 anos.

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Para agradecer o público pela presença, todos mascarados emendam um "harlem shake". Gritos, assovios e palmas saem da plateia. Emocionada, a dupla se abraça e se despede. "Nunca almejamos o sucesso. Nunca imaginamos tocar em São Paulo. Então, todo show, cada conquista sempre é uma emoção muito grande, né? Tocar aqui no Credicard, que é uma das casas mais conceituadas de todo o País, foi uma experiência completamente diferente", afirma Mariano no camarim.

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