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Biografia deve acender polêmica

Sambista e Chorão situa Paulinho da Viola na onda criativa dos anos 60 e termina lembrando o triste episódio do réveillon de 1996, quando, participando de uma homenagem a Tom Jobim, recebeu cachê minguado em relação ao dos outros participantes, Caetano e Gil entre eles

Por Agencia Estado
Atualização:

E assim, o grande compositor ganha uma biografia. Paulinho da Viola, Sambista e Chorão (132 págs., R$ 23,00), escrito pelo jornalista João Máximo, é o mais novo volume da série Perfis do Rio, da editora Relume Dumará, co-editado pela prefeitura carioca e pela Rioarte. O lançamento está previsto para o dia 20, às 20 horas, no Espaço Cultural Sérgio Porto (Rua Humaitá, 163). João Máximo é co-autor, com Carlos Didier, do minucioso Noel Rosa - Uma Biografia, o mais preciso trabalho de pesquisa já feito sobre vida e obra de um compositor brasileiro. Neste Sambista e Chorão, as qualidades do pesquisador estão evidentes, mas são menos pronunciadas. Afinal, como indica o título da série, trata-se de um perfil, não de um trabalho que esgote em todos os detalhes a personalidade e a criação do protagonista. Além do que, Paulinho continua criando e fazendo shows. Ao que tudo indica, haverá muito o que contar sobre ele, adiante. Ótimo que, já no título, o autor enfatize as duas vertentes formadoras da obra de Paulinho da Viola - o samba e o choro. Afinal, o maior compositor vivo de samba é também figura fundamental à sobrevivência do choro - gênero que esteve relegado a segundo plano, considerado "coisa de velho", até os anos 70, quando, no auge do sucesso (e da importância e do poder de influência), Paulinho lançou ao mesmo tempo dois discos dedicados ao choro. Na introdução, João Máximo lembra que Paulinho é o herdeiro (da melhor tradição musical do Rio de Janeiro) convertido em guia. E impõe, já no primeiro momento: "Quem diz que o samba nasceu na Bahia ou é baiano ou é mal informado, quando não as duas coisas. E quem diz que choro é música de branco, ou parte das diferenças raciais para negar em sua história o lugar que o negro merece, ou ainda não se deu ao trabalho de consultar os vários estudos recentes a que se têm dedicado chorões sem preconceito." E parte daí para mostrar como se formaram esses gêneros tão peculiares, de que forma chegaram eles ao futuro compositor e foram por ele revistos, transformados - a epígrafe do primeiro capítulo resume, nos versos do samba de Paulinho, o que quer dizer o biógrafo: "Quando eu penso no futuro/ Não esqueço o meu passado." Sambista e Chorão situa Paulinho da Viola na onda criativa dos anos 60, em que surgiu, e termina lembrando o triste episódio do réveillon de 1996, quando, participando de uma homenagem a Tom Jobim, Paulinho recebeu cachê minguado em relação ao dos outros participantes, Caetano e Gil entre eles. Um livro para acender polêmicas.

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