A banda Red Hot Chili Peppers subiu ao palco do Estádio do Morumbi, em São Paulo, nesta sexta-feira, 10, para apresentar a Unlimited Love Tour. O grupo, que completou 40 anos este ano, fez o estilo de “show-acontecimento” esgotado que arrastou 70 mil fãs fiéis que o acompanham desde a adolescência.
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Quarenta anos, de fato, é algo a ser celebrado. Afinal, muitas bandas que atingiram o auge nos anos 1990 não tiveram a mesma sorte. E foi nesse estilo de “celebração a si mesmos” que o RHCP iniciou a fração paulistana da maior turnê do grupo em estádios até o momento.
O baixista Flea entrou, com saia e uma meia de cada cor, plantando bananeira. Logo em seguida, Chad Smith e John Frusciante apareceram e os três tocaram a aguardada jam do início.
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O vocalista Anthony Kiedis se juntou aos companheiros e todos já emendaram uma sequência bem-sucedida com Can’t Stop, The Zephyr Song e Snow.
O clima esfriou com Here Ever After e o show logo se tornou morno. Há a parte técnica, mas falta o carisma que tanto fez a fama do Red Hot Chili Peppers.
Em mais de vinte anos, era a primeira vez que a formação que originou os melhores discos da banda retornava ao solo brasileiro. Um deleite para os fãs. A volta de Frusciante, responsável por grande parte dos riffs inconfundíveis do RHCP, foi o que provocou o enorme burburinho em torno dos cinco shows que o grupo programou no País.
A química dos quatro integrantes é incontestável e algo admirável, principalmente se levarmos em conta que o guitarrista havia deixado a banda em 2009. Todos se olham como se já soubessem o que está por vir: mais um show em que, mesmo com os improvisos, tudo estará sob controle. Talvez aí more a armadilha que deu o tom à apresentação em São Paulo.
O RHCP usa a Unlimited Love Tour para promover seus dois últimos lançamentos, Unlimited Love, de 2022, e o “álbum gêmeo” Return of the Dream Canteen, também de 2022.
Posição confortável
A apresentação com Frusciante tinha todos os elementos para se tornar uma das melhores do RHCP em solo paulistano. A banda, porém, optou por não sair do “mais do mesmo” esperado.
Dá para ver que o grupo é uma banda underground que se tornou mainstream, cheia de paradoxos. Afinal, eles despontaram com um funk-rock psicodélico - que, no show na capital paulista, foi representado com figuras psicodélicas no telão - na época do grunge, e tocam músicas animadas e, ao mesmo tempo, melancólicas.
Os integrantes têm fama de “estranhos”, mas o tipo de “estranhos gente boa”. No show em São Paulo, pouco desse aspecto foi explorado e a impressão é que o destaque é todo de Flea, que ainda encarna o personagem.
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Frusciante chega a ter, por vezes, uma certa fama de “antipático” entre os admiradores do grupo. Assim como Anthony, que mal interage com o público e arriscou apenas um “boa noite” logo no começo. Ele parece estar o tempo todo preocupado e, na maioria das vezes, canta de olhos fechados.
Chad foi “gente boa” fora dos palcos e antes do show. O baterista já tocou Legião Urbana em um bar no Rio de Janeiro, foi a um show da dupla Jorge e Mateus em São Paulo e tocou com uma banda cover do grupo, também na capital paulista. Ao final, houve uma interação mais direta, com ele atirando as baquetas para a plateia.
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É Flea quem segura grande parte do carisma que deu fama à banda. O músico consegue explorar bem o palco, dança e parece se divertir o tempo todo.
O baixista, um dos melhores do mundo, desponta como uma figura que tira a tal “invisibilidade” - exercício: quantos baixistas de bandas famosas você sabe citar o nome? -, considerados o “coração” da banda. No show em São Paulo, assim como na grande maioria das apresentações que o grupo fez nos últimos tempos, Flea é o coração, a alma e a cara do Red Hot Chili Peppers.
Show curto e setlist pouco costurado, mas momento comovente
O Red Hot Chili Peppers é o tipo de banda que ostenta hits até para os que “não são muito chegados”. Basta colocar Californication e, certamente, qualquer pessoa que viveu o fim dos anos 1990 vai tentar arriscar alguns versos, mesmo balbuciados, cantados por Anthony.
É muito difícil, porém, que alguém “não tão chegado” saiba entoar Black Summer, uma das famosas do Unlimited Love. Há a memória afetiva em Blood Sugar Sex Magik e Californication, claro, que certamente foi o que levou a maioria dos 70 mil que compareceram ao show em São Paulo.
Foi a falta de hits que fez o público reclamar do show em Brasília, mas a banda variou mais o cardápio na capital paulista. Das cinco músicas mais tocadas no Spotify, quatro delas apareceram na apresentação: Under the Bridge, Californication, Can’t Stop e Snow.
Esse “improviso” até no setlist é mais uma das marcas do RHCP. No palco, porém, as transições parecem confusas e as músicas, pouco costuradas. Entre uma e outra, o palco se apagava e, algumas vezes, Flea e Frusciante se uniam para mais uma jam.
A banda tocou por 1h40 em São Paulo. Uma duração curtíssima em comparação com shows de músicos na ativa até há mais tempo.
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Paul McCartney, por exemplo, tem feito apresentações com quase 40 músicas e quase três horas com a turnê Got Back, que vem ao Brasil ao final de novembro. Já Roger Waters canta cerca de 24 músicas em mais de 2h30 com a This Is Not a Drill, que tem o primeiro show em São Paulo marcado para este sábado, 11.
Houve, porém, um momento comovente depois do “bis” que resumiu o símbolo afetivo do grupo. Fãs com cartazes e símbolos da banda foram mostrados, um a um, no telão.
“Obrigada por me ajudarem a superar a depressão e a solidão”, dizia um deles. Na sequência, veio a penúltima música, Under The Bridge, que fala, justamente, sobre solidão.
O Red Hot Chili Peppers já tocou no Rio de Janeiro e em Brasília. O grupo segue no Brasil para o show em Curitiba na próxima segunda, 13, e em Porto Alegre na próxima quinta, 16.
Veja o setlist do show do Red Hot Chili Peppers em São Paulo
- Can’t Stop
- The Zephyr Song
- Snow (Hey Oh)
- Here Ever After
- Havana Affair (cover dos Ramones)
- Eddie
- Parallel Universe
- Soul to Squeeze
- Right On Time
- Tippa My Tongue
- Tell Me Baby
- Terrapin (cover de Syd Barrett)
- Don’t Forget Me
- Californication
- Black Summer
- By The Way
- Under The Bridge
- Give It Away