Lulu Santos vem dançante em novo CD

Bugalu é uma usina de harmonias conduzidas por colagens de black music e bate estacas típicas de house e tecno. É o Lulu pop

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Por Agencia Estado
Atualização:

Lulu Santos sabia o que queria desde o começo. Chamou Memê ? um cara que sabe fazer coisas boas e ruins tocar em rádio ? para produzir Bugalu ciente do que o disco se tornaria: uma usina de harmonias conduzidas por colagens de black music e bate estacas típicas de house e tecno. É o Lulu pop, como há muito tempo não se via. Bugalu soa dançante e com faixas que indiscutivelmente serão familiares já nas primeiras audições. Ainda assim, não há apelos fáceis e baratos. As canções são cheias e com arranjos que remetem aos anos 70 da black music e, na curiosa visão de Lulu, ao samba rock. Mais curioso é seu conceito de black music. Lembra, em um texto distribuído aos jornalistas, que morou nos Estados Unidos quando criança e que foi alfabetizado em inglês. Mas ele não quer o funk de Earth, Wind and Fire ou o soul de James Brown tal qual foram concebidos. "O que me interessa é a forma como essa black music é apropriada nas ruas pelos brasileiros que criam músicas como uh! tererê! Quero fazer o soul à brasileira, entender o jeito que a rádio e o povo deslumbram este ritmo e como estas músicas passam a integrar a corrente sanguínea do brasileiro." Bugalu o deixou autoconfiante e certo de suas ações. É capaz até mesmo de bombardear a própria obra sem censurar-se. Seu álbum Liga Lá, experiência mais eletrônica antes deste novo disco, lançado como xodó à época, é visto hoje como "um erro". "Ficou muito aquém do que eu tinha em mente. Sabia o que queria, mas não tinha mecanismos." Mas é seu disco mais recente, Programa, que leva chumbo grosso. "O comprador levou um disco honesto, sincero. Mas eu estava realmente ficando preocupado depois que o gravei." É na esteira, perdendo calorias pela manhã, que Lulu faz audições mais exóticas. "Ouço música para não ouvir nada." Explica melhor que "música para não ouvir nada" são discos otomanos, iranianos, chineses. Não que o faça para reverter tudo necessariamente em influências para seus discos. Só não esconde que é assim que "alimenta o espírito". Sua preocupação é dar um passo à frente. Nem sempre consegue e poderá detestar Bugalu em dois anos se descobrir falhas, como fez com Liga Lá. E o que vai fazer em seu próximo álbum? "Não sei ainda. Devo ir para a Califórnia, viver a vida sobre as ondas, já que o meu destino é ser star." Preço médio do CD: R$ 25

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