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Megadeth, com Kiko Loureiro na guitarra, volta a São Paulo para celebrar o Grammy

Banda se apresenta na cidade nesta terça-feira, 31, no Espaço das Américas

Por Pedro Antunes
Atualização:

Numa lista dos músicos mais rabugentos da história do rock, Dave Mustaine certamente seria bem votado. Quem quer que já tenha entrevistado o antigo líder do Metallica e fundador do Megadeth, banda que faz um heavy metal de guerrilha – esmerilhando os instrumentos show a show, noite a noite, disco a disco, para garantir a sobrevivência e durabilidade –, sabe que o norte-americano de 56 anos não se importa em ser ríspido ou dispensar alguns aspectos da boa educação. 

Megadeh Foto: Jeremy Saffer

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Naquela tarde de setembro, em algum lugar dos Estados Unidos – ele não quis revelar onde estava dentro de um país tão grande quando aquele –, Mustaine aparentava algum bom humor. Sua questão mais aguda era centrada na ideia, noticiada por sites e veículos dedicados ao rock, de que a banda planejava voltar aos estúdios no ano que vem.

“Isso você não vai arrancar de mim, caso você seja um desses jornalistas que só querem saber de manchetes”, disse o rabug... Ops, disse Mustaine. “E você, Pedro, se colocar no seu título que o Megadeth vai entrar em estúdio no próximo ano, isso seria uma chamada e tanto. Você teria um furo. Uau. Mas não é verdade. O que posso dizer é que vamos entrar no estúdio, em algum momento. Temos novas ideias, mas não paramos para escrever canções ainda. Entendo a sua busca, embora não vá te dar o que você procura.” 

O fato é que a reportagem não procurava por esse “furo” – que também não pode ser considerado furo já que o próprio Mustaine, em uma entrevista ao podcast No Brown M&Ms, havia revelado os planos para levar a banda de volta aos estúdios no fim de 2017. E Mustaine, como aqueles valentões do colégio, ou cachorros que mais ladram do que mordem, só precisa ouvir algumas verdades do outro lado da linha para, enfim, conversar de música.

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Afinal, o Megadeth estava em vias de voltar ao Brasil, para shows em São Paulo (terça, 31, no Espaço das Américas) e no Rio (quarta, 1.º/11, no Vivo Rio). A banda também tem, em sua formação, o guitarrista brasileiro Kiko Loureiro, do Angra, mais um atrativo motivo para incrementar o bate-papo. Por fim, a música que dá nome ao disco mais recente de Mustaine e companhia, Dystopia, de 2016, foi vencedora do Grammy de melhor performance de metal na cerimônia realizada neste ano. 

Ou seja, havia muitas questões suculentas a serem tratadas com Mr. Mustaine, caso ele tivesse interesse em fazê-lo. A começar pelo Grammy, uma premiação que não é conhecida por entender muito bem de heavy metal, mas ainda importantíssima por questões mercadológicas – e Mustaine, que havia tido outras 12 indicações para o Grammy, concorda com isso.

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“É um prêmio que não depende dos fãs votando sem parar”, ele diz. “Os Grammies são importantes por isso. Nós, é claro, gostamos de todos os prêmios que recebemos, mas esses, os mais legítimos, são importantes para a banda.” Mustaine, inclusive, passou a integrar a equipe do Grammy para auxiliar na avaliação de bandas e artistas do heavy metal. “Por enquanto, há poucas categorias para esse gênero. Quero ajudar a aumentar a atenção dada ao heavy metal.”

Com Kiko novamente ao seu lado em uma nova visita ao Brasil – a banda esteve por aqui em 2016 –, Mustaine brinca (veja só) que o Megadeth também é brasileiro. “E o Kiko é um herói nacional”, diz Mustaine. “Ele é incrível. No próximo disco, ele terá mais participação na criação. Tenho certeza de que será fantástico.” 

Acontece que a própria rabugice de Mustaine é mais personagem do que marra, de fato. Com jeito – e um pouco de sorte –, ele desamarra a cara de mau. “O Megadeth é uma banda que nunca desistiu”, ele diz, sobre a vida de um grupo que existe há mais de 34 anos e não deixa de pegar a estrada. “Não importa quão difícil, não importa o que falam de mim. A gente não desiste” – e talvez Mustaine não saiba, mas, com essa frase, se tornou tão brasileiro quanto qualquer um de nós. 

MEGADETH  Espaço das Américas.  Rua Tagipuru, 795, Barra Funda, tel. 3864-5566. 3ª (31), às 22h.R$ 200 a R$ 400.

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