Por onde anda Stevie Wonder no novo single dos Rolling Stones?

Discreto até demais, músico atua como pianista enquanto Lady Gaga divide os vocais com Mick Jagger em ‘Sweet Sounds of Heaven’; álbum inédito sairá em 20 de outubro

PUBLICIDADE

Foto do author Julio Maria
Por Julio Maria

Mick Jagger fez um rock clássico, simples, em três acordes, enquanto dedilhava ao piano de sua casa, em Londres. Era uma tarde de sol com um pouco de vento quando os acordes maiores começaram a sair. Mais tarde, finalizou a canção com Keith Richards. Seu versos gospel, algo quer faz lembrar outros momentos cristãos da banda, como em You Can’t Always Get What You Want e Shine A Light, começam assim: “Abençoado seja o Pai, abençoado seja o Filho, ouça o som dos tambores enquanto eles ecoam pelo vale e explodem, sim. Que nenhuma mulher ou criança passe fome esta noite.”

Mick Jagger, Keith Richards e Ron Wood: disco 'Confessin' The Blues' será lançado em novembro Foto: Jean-Paul Pelissier

PUBLICIDADE

Sweet Sounds of Heaven tem um início matador: um piano arpejado com uma ou duas blue notes é cortado pela guitarra de Keith Richards até entrar a voz de Mick Jagger. Um pouco mais a frente e já se ouve o timbre de um teclado Fender Rhodes enquanto a voz de Lady Gaga responde à voz de Mick, como se todos estivessem em uma igreja.

Este é o segundo single dos Stones, antes que um álbum inédito saia. O primeiro foi Angry, um rock and roll delicioso. Hackney Diamonds, o álbum que, pelo andar dos singles, deverá ser não menos do que muito bom, tem data de lançamento para 20 de outubro. Lady Gaga e Stevie Wonder, os convidados da faixa, já haviam se apresentado com os Stones. Gaga cantou durante a turnê 50 & Counting, de 2012. Sua participação em Gimme Shelter foi usada no álbum GRRR Live. E Wonder excursionou com os Stones na turnê de 1972, cantando Satisfaction e Uptight (Everything’s Alright).

Desta vez, as presenças são tímidas. Gaga ainda entra com um falsete nas alturas, bem colocado e poderoso, fazendo um contraponto com Jagger. Mas, de Wonder, mesmo sabendo que ele só ficou nos teclados, e não nos vocais ou na gaita, não há muita presença para quem busca por suas marcas principais. Ele está longe de sua pegada clássica de funk clavinet que faz em Higher Ground, por exemplo, até porque não era o caso. Mas reproduz esplêndidos teclados de linguagem gospel.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.