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Roger Waters rebate críticas por usar traje nazista na Alemanha; veja vídeo e entenda o caso

Músico britânico, investigado após usar roupa que fazia alusão ao uniforme de um oficial da SS, disse que não será ‘silenciado’ e lembrou que representa demagogo fascista deste o lançamento de ‘The Wall’

Foto do author Thaíse Ramos
Por Thaíse Ramos
Atualização:

Roger Waters rebateu as críticas por subir ao palco em Berlim vestindo traje nazista. O artista de 79 anos disse no Twitter que sua performance foi uma “evidente declaração em oposição ao fascismo”.

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Ele lembrou que a representação de um demagogo fascista aparece em seus shows desde os shows do álbum The wall, do Pink Floyd, lançado em 1979.

“Minha recente apresentação em Berlim atraiu ataques de má-fé daqueles que querem me difamar e silenciar porque discordam de minhas opiniões políticas e princípios morais. Os elementos de minha performance que foram questionados são claramente uma declaração em oposição ao fascismo, injustiça e fanatismo em todas as suas formas. Tentativas de retratar esses elementos como outra coisa são engenhosas e politicamente motivadas”, disse.

Veja o comunicado completo de Roger Waters no final deste texto.

Entenda o caso

Na última sexta-feira, 26, a polícia de Berlim disse que está apurando o caso de incitação ao ódio público depois que Roger Waters se apresentou na capital alemã vestindo um longo casaco preto com faixas vermelhas, fazendo alusão ao uniforme de um oficial da SS, no dia 17 de maio.

O Código Penal alemão proíbe divulgar propaganda nazista, como:

  • compartilhar imagens como suásticas;
  • usar uniforme da SS;
  • fazer declarações apoiando a ideologia nacional-socialista.

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Roger Waters alega que a representação é uma forma de criticar a demagogia fascista.

De acordo com Martin Halweg, porta-voz da polícia local, a roupa usada pelo membro fundador da banda Pink Floyd pode ser interpretada como uma glorificação ou justificativa do regime nazista e, por isso, teria potencial para afetar a ordem pública.

Após a conclusão da investigação, os resultados serão enviados ao Ministério Público para uma análise jurídica final. A promotoria decidirá se o músico britânico enfrentará ou não processo judicial.

Ele ainda exibiu no telão nomes de várias pessoas mortas em decorrência de regimes autoritários, como Anne Frank, adolescente judia vítima do Holocausto; e Shireen Abu Akleh, jornalista palestino-americana da Al Jazeera que morreu em uma operação israelense em maio de 2022.

O protesto também não foi bem visto por autoridades israelenses. O ministério das Relações Exteriores do País afirmou que o artista “profanou a memória de Anne Frank e de seis milhões de judeus assassinados no Holocausto”. “Waters quer comparar Israel com os nazistas. Ele é um dos maiores críticos dos judeus de nossa época”, escreveu no Twitter o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon.


Foto reproduzida pelo Ministério das Relações Interiores de Israel mostra Roger Waters durante show em 17 de maio, em Berlim; o cantor é acusado de usar roupas que remetem ao nazismo Foto: Twitter/@@IsraelMFA/D

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Leia a seguir a declaração do músico na íntegra:

“Minha recente apresentação em Berlim atraiu ataques de má-fé daqueles que querem me difamar e silenciar porque discordam de minhas opiniões políticas e princípios morais.

Os elementos de minha performance que foram questionados são claramente uma declaração em oposição ao fascismo, injustiça e fanatismo em todas as suas formas. Tentativas de retratar esses elementos como outra coisa são engenhosas e politicamente motivadas. A representação de um demagogo fascista desequilibrado tem sido uma característica dos meus shows desde “The wall” do Pink Floyd em 1980.

Passei minha vida inteira falando contra o autoritarismo e a opressão onde quer que eu os veja. Quando eu era criança depois da guerra, o nome de Anne Frank era frequentemente falado em nossa casa, ela se tornou um lembrete permanente do que acontece quando o fascismo não é controlado. Meus pais lutaram contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial, com meu pai pagando o preço final.

Independentemente das consequências dos ataques contra mim, continuarei a condenar a injustiça e todos aqueles que a cometem”.

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