Ultra Brasil transforma Vale do Anhangabaú em imensa pista de dança

Durante dois dias, capital paulista recebeu festival de música eletrônica fundado em Miami

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Por Gabriel Pinheiro
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O Ultra Brasil transformou o Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, em uma enorme pista de dança nesse fim de semana. Fundado em Miami, nos Estados Unidos, o festival já passou por 29 países e fez sua primeira edição no coração da capital paulista, ao ar livre, na sexta, 21, e no sábado,22.

Reaberto em 2021 após uma grande reforma, o novo Vale do Anhangabaú acomodou bem o evento: quatro palcos foram montados em frente a cartões-postais bem conhecidos de São Paulo, como o Viaduto do Chá e o Edifício Martinelli, Farol Santander e a Praça das Artes. O policiamento foi reforçado nos acessos ao festival, pelas estações Anhangabaú e São Bento. A programação foi encerrada à meia-noite, nos dois dias.

Festival de música eletrônica Ultra Brasil no Vale do Anhangabaú em 2023, em São Paulo Foto: Pridia/Ultra Brasil

Mais de 75 DJs e produtores, nacionais e internacionais, revezaram-se nas picapes do Ultra durante todo o evento, que colocou 30 mil ingressos à venda por dia. Mesmo com os palcos funcionando de forma simultânea, a distância entre eles foi suficiente para que os diversos sons e batidas diferentes não se misturassem.

Sexta no Ultra Brasil 2023

Na sexta-feira, mais esvaziada, o holandês Oliver Heldens e o australiano Timmy Trumpet (que traz elementos do jazz à música eletrônica, tocando trompete ao vivo) foram alguns dos nomes que mais empolgaram o público no palco principal. Na pista dedicada aos artistas nacionais, UMF Radio, o produtor paulistano Deadline e o paraense JØRD foram o ponto alto da noite.

O DJ JØRD no festival de música eletrônica Ultra Brasil no Vale do Anhangabaú em 2023, em São Paulo Foto: Pridia/Ultra Brasil

Antes de se apresentar, JØRD conversou com a reportagem do Estadão. “Estar aqui hoje é a realização do sonho de um adolescente que assistia ao festival pela internet. Tocar na edição Brasil é ainda mais representativo, com tantos DJs brasileiros se apresentando em um festival gigante”, comemorou. Natural de Belém do Pará, JØRD conseguiu furar a bolha do eixo de produtores de Rio e São Paulo, onde a música eletrônica tradicionalmente tem mais força. Hoje, sua música ganhou o suporte de nomes como Vintage Culture e Alok, os maiores representantes da música eletrônica brasileira na cena mundial. “Eu fazia trabalho de formiguinha, entrava em contato com esses DJs através de página do Facebook e Soundcloud e, por incrível que pareça, dessa forma foram surgindo algumas colaborações minhas com eles”, revela.

Sábado no Ultra Brasil 2023

No sábado, o line-up reforçado atraiu mais o público. Nomes como a banda de trance inglesa Above & Beyond, o holandês Nicky Romero e o sueco Axwell, integrante do supergrupo Swedish House Mafia, fizeram a edição brasileira parecer com a tradicional norte-americana em vários momentos, com direito a muitos fogos de artifício e efeitos especiais. Nos bastidores do evento, Nicky Romero, um dos maiores nomes da EDM, estilo de música eletrônica predominante nos grandes festivais, disse ao Estadão que, para ele, a edição brasileira do Ultra é uma das mais importantes do mundo. “Ter edições do Ultra na América do Sul é incrível”, afirmou. “O público brasileiro é muito leal e dedicado. Estou muito feliz de estar de volta”, acrescentou.

Festival de música eletrônica Ultra Brasil no Vale do Anhangabaú em 2023, em São Paulo Foto: Pridia/Ultra Brasil

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O DJ é um nome bem conhecido pelo público brasileiro, com dezenas de apresentações no País. Junto com o falecido DJ Avicii, assinou o sucesso I Could Be the One (2013), uma das músicas que marcaram a EDM nos anos 2010. Segundo ele, a canção, que hoje acumula mais de 360 milhões de execuções no Spotify, foi feita em um momento em que ambos eram muito próximos, em um estúdio de Estocolmo, cidade natal de Avicii. “Eu toquei ela pela primeira vez no Reino Unido, há uns 11 anos, e o Tim (Avicii), em Washington. Então, ela explodiu primeiro na internet”, revela. A música encerrou o set do holandês no sábado, para o delírio do público.

Sobre a cena brasileira, Romero disse gostar muito de Vintage Culture, Bruno Martini e Alok. “A música brasileira agora, especialmente graças ao Lukas (Ruiz, nome de batismo de Vintage Culture), está muito em alta na indústria. Espero que venham mais coisas do Brasil”, completou.

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