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Novo grupo I'M vê crescimento de grifes sem perder identidade

Por FERNANDA EZABELLA
Atualização:

Crescer, sem perder a identidade. É esse o desafio do novo grupo de moda I'M, que chegou com muito barulho ao mercado este ano após a compra das grifes de Alexandre Herchcovitch e Fause Haten, dois dos estilistas mais importantes do país. I'M é o nome da Identidade Moda, uma gestora de marcas controlada pelo grupo de investimentos HLDC. O grupo já havia adquirido a Zoomp e a Zapping em 2006, e agora criou a I'M para investir 36 milhões de reais no mercado em 2008. A expectativa é faturar 300 milhões de reais neste ano e conseguir triplicar esse número em três ou cinco anos, quando pretende abrir o capital na bolsa de valores. "A abertura de capital não é um fim, mas é um meio. A longo prazo, o mercado de capitais vai ser um aspecto importante para financiar o projeto de crescimento", disse Vicente Mello, presidente da I'M. Além das grifes citadas, o grupo também comprou as marcas Cúmplice e Clube Chocolate. Mello confirma que, nos próximos dois anos, haverá aquisição de outras quatro ou seis, incluindo marcas de acessórios e moda praia. "A gente acredita no processo de consolidação desse setor. Na verdade, estamos participando também desse processo", disse Mello, cujo grupo irá investir 14 milhões de reais em novas lojas das marcas e 22 milhões de reais em marketing. O mercado de moda no Brasil corre atrás do atraso. Na Europa, há 20 anos, grifes de grande reconhecimento, porém consideradas negócios pequenos, foram compradas por grupos como a francesa LVMH, hoje uma gigante com mais de 50 marcas de luxo, como Dior, Louis Vuitton e Fendi. No Brasil, o movimento toma mais fôlego só agora. Outro grupo de investidores que chamou atenção dos fashionistas foi a Pactual Capital Partners, dos ex-sócios do vendido Banco Pactual (hoje UBS Pactual). O grupo comprou metade da Ellus em dezembro e negocia a aquisição da grife Isabela Capeto. Na avaliação de Glória Kalil, consultora de moda e uma das especilistas do setor mais respeitadas do país, este é sem dúvida um novo momento para a moda brasileira, cujo processo de profissionalização começou há pouco tempo. "A entrada de grupos como esse é muito bem-vinda para a moda. Porque para participar de uma economia mundial você precisa ter muita bala", disse Kalil. Ela pondera, no entanto, que o momento é difícil por ser uma passagem para um patamar maior. "São os primeiros passos ainda, vamos ver no que dá. Mas me parece uma coisa muito moderna e necessária para a continuidade das indústrias têxteis." GRANDE, PORÉM FASHION O presidente da I'M admite que, apesar de tantos números e projeções, é difícil precisar quando e como o comprador final irá se beneficiar de toda essa movimentação financeira. Mas ele dá um exemplo da marca Herchcovitch, que agora poderá criar uma coleção de 700 itens diferentes, ao contrário dos 250 do passado. O preço das peças deverá continuar o mesmo já que, apesar do aumento da oferta, os itens continuarão com reprodução limita. "O grande desafio é como crescer com valor. Porque seria mais simples o caminho para crescer aumentando o volume e baixando o preço", disse Mello, economista que já passou pelo Banco Mundial, Natura e Forum. A estratégia anima o setor, especialmente para quem já passou pela experiência e não se deu muito bem. Marcelo Sommer é o exemplo mais citado. Ele acabou afastado da marca que ele próprio fundou, a Sommer, por divergências de criação, após vendê-la ao grupo familiar catarinense AMC Têxtil em 2004. "O que eu vejo agora é uma intenção desses grupos de respeitar o criador, como acontece lá fora, na Europa", disse Sommer, que abriu em dezembro a primeira loja de sua nova grife, a Do Estilista -- nome que criou já que não pode mais usar o seu próprio. "O que foi ruim foi a maneira como a gente fez o contrato na época, e os erros que esse contrato tinha", disse Sommer. "Acho que essas novas aquisições não estão comentando os mesmos erros porque tem, inclusive, eu como exemplo."

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