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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

'Adão Negro' une ação e política

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:

Rodrigo Fonseca Zapatista até a medula, fiel a um princípio de incerteza acerca da moral entre vigilantes e vigiados, "Adão Negro" é um espetáculo vibrante, adequadíssimo à nossa atual carência de adrenalina no sangue (o que é uma sequela do politicamente correto), que se propõe a quebrar paradigmas políticos acerca da intervenção militra ultramarina. Sua Gotham City se chama Kahndaq e é um Irã dos dias atuais misturado ao Iraque dos anos Saddam Hussein. A presenca de metais raros sob suas areias atrai a Intergangue - horda de mercenários do universo DC. Todos querem mandar lá. Só os EUA, sob a indicação de Amanda Waller (Viola Davis) permanece sem ação táticas por lá. Isso até o protagonista - que Dwayne Johnson vive com brilhantismo - sair de seu sono. Mas uma súbita mobilização de heróis para agir no local é vista como um gesto oportunista dos Estados Unidos, mesmo que a super equipe em questão seja a franciscana SJA, a Sociedade da Justiça. Tem gibi dela saindo pela Panini Comics por aqui, inclusive um tijolaço bem encadernado. Ali, dá pra saber melhor quem é Teth-Adam, nome real do personagem de Dwayne, o The Rock, a ser dublado aqui por Garcia Júnior. A estreia do longa sobre essa assustadora figura, dirigido pelo espanhol Jaume Collet-Serra, faz pipocar no site da editora Panini ofertas de duas HQs envolvendo o anti-herói, outrora vilão, que pode elevar as bilheterias dos cinemas ao Infinito, e além, encarnado com todo o carisma pelo eterno The Rock. Um dos títulos é "Os Arquivos Secretos da Sociedade da Justiça" e o outro, "A Era das Trevas", ambos protagonizados por Adão Negro. O filme baseado em suas aventuras no universo da DC Comics (o mesmo do Superman, a quem ele já peitou algumas vezes) vai estrear nesta quinta, dia 20 de outubro, com fome de pagantes e com sanha geopolítica. Com um visual parecido com o do Capitão Marvel (alter ego de Billy Batson, mais conhecido por seu grito, "Shazam!"), o personagem foi criado por Otto Binder e C. C. Beck, e apareceu pela primeira vez numa HQ da Fawcett Comics, "The Marvel Family", numa edição do Natal de 1945. Por anos a fio, até o Shazam ser incorporado pela DC, nos anos 1970, o Adão Negro, chamado Teth-Adam, era o algoz do vigilante do Olimpo. Mas, a partir dos anos 1990, com os quadrinhos de Jerry Ordway, o terrorista com poderes oriundos da magia dos deuses virou uma espécie de protetor da Terra. Daí o interesse de um astro como The Rock numa figura tão controversa.

O Sr. Destino rende a Pierce Brosnan uma atuação mágica Foto: Estadão

Encarado como um potencial blockbuster, o filme, "Black Adam no original, foi dirigido pelo catalão que nos deu "A Órfã" (2009) narrando a saga de um homem escravizado que ganha poderes mágicos similares aos do Shazam. Personagens icônicos da Sociedade da Justiça da América estarão no longa, como o Gavião (que é vivido por Aldis Hodge com sangue no olho, como nos gibis), Esmaga-Átomo (confiado a Noah Centineo) e o Sr. Destino. Este herói oferece a Pierce Brosnan seu papel mais pop desde sua fase como 007, de 1995 a 2002. Ao empunhar o elmo de Nabu, Brosnan, aqui dublado pelo gênio Luiz Carlos Persy, faz de Kent Nelson um Yoda pra esculpir o lado sombrio da alma de Adão. Em meio à crítica ao brutal intervencionismo estadunidense, o filme assume como vilão um herdeiro dos antigos aristocratas do mundo na Idade Antiga, fazendo do longa um Telecurso de História. Um Telecurso que não deixa a plateia piscar de tanta tensão.

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