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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

HBO Max no ritmo do coração e do Oscar

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Emilia Jones e Troy Kotsur em "CODA", aqui chamado "No Ritmo Do Coração" - Foto: @AppleTV / Diamond Films

RODRIGO FONSECA À cata de "Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo" na grade da Amazon Prime, o P de Pop notou que o ganhador do Oscar do ano passado, "No Ritmo do Coração" ("CODA"), anda por lá também, e ganhou uma vaga na HBO Max, angariando fãs. Sensação de público e crítica no Festival de Sundance de 2021, o longa-metragem da diretora Sian Heder ganha plateias com sua singeleza, que desmonta qualquer trava intelectual capaz de impedir seu avanço e sua transcendência. Trata-se de uma versão "Made In USA" do longa francês "A Família Bélier" (2014), uma dramédia de Éric Lartigau vista por 7.450.944 pagantes só lá na terra de Truffaut. Em março de 2022, a Academia de Hollywood deu ao remake dirigido por Sian as estatuetas de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator Coadjuvante (para o ator surdo Troy Kotsur). Ele encarna o chefe de uma família com limitações auditivas que vive da pesca, lidando contra as adversidades da surdez, contando com a ajuda da única integrante do clã capaz de ouvir plenamente: a filha adolescente, Ruby, interpretada por Emilia Jones com uma maturidade impressionante. Envolvida com as atividades pesqueiras do pai e da mãe, vivida por uma inspirada Marlee Matlin (ganhadora do Oscar de 1987, por "Filhos do Silêncio"), Ruby está prestes a ir para a universidade e tem um diferencial em seu caminho acadêmico: seu talento para cantar. Seus dotes de ave canora se sofisticam quando ela encontra o apoio (um tanto atabalhoado) do professor de Música Bernardo Villalobos, encarnado pelo brilhante Eugenio Derbez, campeão de bilheteria por trás de "Não Aceitamos Devoluções" (2013). O dilema da menina é seguir seu caminho de soprano ou deixar seus entes queridos para trás. E esse dilema é apresentado por Sian com extrema delicadeza. Antes conhecida pelo delicioso "Tallulah" (2016), ela se firma como um dos nomes mais promissores entre as estrelas da direção dos EUA na atualidade, coroada com o prêmio de melhor direção em Sundance por essa lúdica saga familiar.

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p.s.: Neste sábado, a UTV (canal 11 da NET) vai exibir o agilíssimo documentário "Entre Sem Bater - As Duas Vidas de Aparício Torelly, o Barão de Itararé" (2003), de Emílio Gallo, num tributo póstumo ao ator Antônio Pedro (1940-2023).

p.s.2: Nesta quarta, a MUBI inclui em sua grade "De Cierta Manera" (1977), de Sara Gómez. Uma das mais talentosas vozes do cinema cubano dos anos 1960 e 70, hoje cultuada como um ícone antirracista, respeitada por documentários como "Iré a Santiago", Sara morreu aos 31 anos, em decorrência de uma insuficiência respiratória (resultante de sua asma crônica) logo após ter filmado este longa de ficção belíssimo, de tônus feminista. Em Miraflores, o crescente romance entre Mario, um operário de fábrica, e Yolanda, uma professora, esbarra nas radicais diferenças que ambos têm sobre a vida revolucionária.

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