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'Risco Total' vai ganhar uma sequência

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
O alpinista Gabe Walker volta a escalar as mais altas e perigosas montanhas no reboot de "Risco Total" ("Cliffhanger"), com Stallone - Fotos @Sony Pictures  

RODRIGO FONSECA Aos 76 anos, de voltas às telas como Stakar em "Guardiões da Galáxia: Vol. 3", Sylvester Stallone vai encarar o desafio de um reboot de um dos maiores marcos de sua carreira: "Risco Total" ("Cliffhanger", 1993). Considerado um dos pontos mais luminosos de sua trajetória como ator, o longa-metragem de Renny Harlin vai ganhar uma sequência tardia, 30 anos depois de seu lançamento, tendo Ric Roman Waugh (de "Invasão ao Serviço Secreto") como realizador. Este ano, o cineasta lança o thriller "Kandahar", protagonizado por seu ator favorito, Gerard Butler. Com "Risco Total", Gabe Walker virou o personagem mais injustiçado do currículo de Stallone. Não que o alpinista não seja reconhecido no imaginário cinéfilo, mas sua fama é menor do que merecia, dada a força que deu para seu intérprete, coroando a passagem dele por diferentes esportes e atividades físicas. Houve o boxe de Rocky Balboa; a queda de braço de "Falcão"; a luta livre em "A Taverna do Inferno" (1978), seu primeiro trabalho na direção; o futebol em "Fuga para a vitória" (1981), de John Huston, no qual contracenou com Pelé; e o automobilismo em "Driven" (2001). A cota do montanhismo veio com Gabe, em "Risco total" ("Cliffhanger"), produção de US$ 70 milhões que faturou US$ 255 milhões num momento proscrito do eterno Rambo. Devastado por um par de experiências fracassadas pela comédia, os malfadados "Oscar - Minha filha quer casar" (1991) e "Pare, senão mamãe atira" (1992), Sly parecia condenado ao sumiço, na década de começava. Era um período no qual seu rival (futuro amigo do peito) Schwarzenegger brilhava absoluto com "Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final". Era um período no qual a Fox apostou em Steven Seagal (em "Marcado para a morte", 1990) e estúdios como Columbia e Universal resolveram comprar o passe heroico do grande dragão belga Jean-Claude Van Damme (com "Duplo impacto", 1991). Mas ninguém se interessava por Stallone, que amargou cifras pálidas no "Rocky V". Velhas fórmulas não serviam mais para ele. Nem as tramas cômicas: abriu mão de uma terceira história bem-humorada, "Bartholomew Vs. Neff", em que contracenaria com John Candy, sob a direção de John Hughes. Em tempos de vacas magras, ele tinha um filme de monstro para protagonizar e um projeto com ares de "cinema catástrofe" sobre um furacão. Os dois caducaram e sobrou a saga de um alpinista, especializado em salvamentos nas montanhas, que sai de cena depois de falar em uma operação para resgatar a namorada de seu melhor amigo. Anos depois da tragédia, Gabe regressa à estação de resgate onde trabalhava e encontra um perigo inusitado: terroristas estão na área, atrás de uma fortuna em dinheiro que se perdeu na neve, nas alturas. O líder da célula criminosa, Qualen (John Lightgow em memorável atuação), força Gabe a ajuda-lo, sob a ameaça de exterminar seus colegas. Mesmo avesso à tarefa e a todas as formas de violência, ele precisa entrar em campo, realizando saltos e escaladas que desafiaram a lei da física, sob a direção do cineasta finlandês Renny Harlin. O cineasta assumiu o projeto amparado pela boa repercussão de se "Duro de matar 2" e sua estrela de boa sorte se fez notar de novo. Exibido em Cannes, em projeção especial, "Risco total" foi um fenômeno de bilheteria em todo o mundo, inaugurando um novo padrão de realismo nas cenas de ação. À época, Stallone falou: "Desconfio de astros que, neste momento da História, precisem pegar em armas para fazer sucesso". Com tintas ecológicas, o longa é até hoje encarado como uma virada na busca pela excelência visual de seu gênero, marcado pela marca autoral de Sly: Gabe também tem coisas presas no porão, como tinham Rocky e Rambo.

Estima-se que Cannes possa exibir o longa sobre Gabe Walker na sua seleção Cinema na Praia. Aliás, hoje deve ser anunciada a seleção Cannes Classics de 2023, que pode trazer um .doc sobre Nelson Pereira dos Santos em sua seleção.

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