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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

'The Vandal', um animado rescaldo de Cannes

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:

Rodrigo Fonseca Preparando o que promete ser um ímã de Oscars em 2022 ("The Whale", com Brendan Fraser no papel de um professor com obesidade mórbida), o cineasta Darren Aronofsky (de "Cisne Negro") não lança novos filmes como realizador desde 2017, quando levou "mãe!" à disputa pelo Leão de Ouro, mas tem feito barulho nos grandes festivais de cinema com seus novos experimentos como produtor. Em 2019, ele foi a San Sebastián ajudar na promoção de "Pacificado", de Paxton Winters, drama sobre a violência social carioca, rodado no Morro dos Prazeres, que acabou saindo da Espanha com a Concha de Ouro. Semana passada, seu nome foi badalado em solo cannoise com a exibição do curta-metragem "The Vandal" na Quinzena dos Realizadores. É uma mistura sofisticada de live action e de animação tendo como protagonista o ator e diretor Bill Duke, hoje em cartaz em "Nem Um Passo Em Falso", de Steven Soderbergh. Seu visual dá uma torcida na realidade americana ao recriar os EUA do século XX. O tal vândalo do título é Harold (Duke), um sujeito que entra num surto destrutivo após uma lobotomia. Obras de arte são foco de sua fúria, que se intensifica após a morte de sua mulher. Mas algo há de mudar em sua vivência da Beleza estética. A direção é de Eddie Alcazar, que conversou com o P de Pop sobre seu olhar filosófico sobre a fruição artística e sobre o desempenho de Duke, que ganhou uma homenagem na mostra Cannes Classics, onde exibiu seu telefilme "The Killing Floor", lançado pela Public Broadcasting Service (PBS), em 1984.

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Gostaria que você elaborasse um pouco sobre a idéia de Beleza representada no filme. O que representa o vandalismo de Harold como efeito da lobotomia? O que representa sua fúria criativa, em suas pinturas? Eddie Alcazar: Sinto que o filme é, em parte, um estudo sobre o que desencadeia a centelha criativa em um indivíduo, a partir de um trauma ou de um despertar. Acredito que Harold está sempre tentando se reconectar com o amor através da destruição ao longo do filme, até o ponto em que ele tem um despertar e percebe que a criação é o caminho para a reconexão e paz de espírito.O que significa dirigir um titã como Bill Duke, que também é um cineasta? O que ele acrescenta ao processo de direção? Eddie Alcazar: Foi um grande prazer trabalhar com Bill. Ele é um dos indivíduos mais tranquilos e gregários com quem já trabalhei e isso, por si só, é muito inspirador. Ele confiou em mim durante todo o caminho e ter essa confiança no processo elevou a todos. Como ele é diretor também, isso o torna muito consciente do que contribui para fazer um grande filme e do que não contribui. Assim, ele sempre conseguiu encontrar esse equilíbrio de contribuir e ao mesmo tempo permitir que outros floresçam criativamente.Como foi o envolvimento criativo de Darren Aronofsky? Eddie Alcazar: Darren e sua empresa (a Protozoa Pictures) acreditaram na nossa visão e ajudaram a financiar o filme. Era uma experiência, mas sinto que todos ficaram surpresos com o resultado. Estima-se que "The Whale" vá estar entre os concorrentes ao Leão de Ouro deste ano, a serem divulgados nesta segunda. O filme de abertura de Veneza este ano vai ser "Madres Paralelas", de Pedro Almodóvar. O festival da terra das gôndolas vai de 1º a 11 de setembro.

p.s.: Mais prestigiado evento cinéfilo de 2020, o seminário NA REAL_VIRTUAL, organizado por Carlos Alberto Mattos e Bebeto Abrantes, vai virar websérie e está organizando, via Catarse, a campanha de crowdfunding para sua realização. Contribuições podem ser feitas até o dia 12 de agosto de 2021, pelo site: https://www.catarse.me/webserienarealvirtual.

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