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Projeto define o mapa da dança contemporânea

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Por Agencia Estado
Atualização:

De hoje até domingo, o Brasil tomará conhecimento, por meio da Mostra Rumos Dança realizada pelo e no Itaú Cultural, do resultado de uma ação pioneira do seu Núcleo em Artes Cênicas. Instituído em maio, o Projeto Rumos Dança, que teve consultoria de Fabiana Britto e coordenação de Sonia Sobral, gerente desse núcleo, iniciou um inédito mapeamento da produção de dança contemporânea do País ao propor uma espécie de recenseamento de criadores-intérpretes de solos e duos. Para uma área que é vítima da falta de conhecimento de si mesma, uma iniciativa dessa natureza adquire importância de marco histórico. O tamanho do País favorece e a contínua ausência de políticas públicas adequadas estimula a alarmante taxa de desinformação sobre quem faz o que e onde na dança brasileira. Também por isso, um empreendimento como esse deve ser saudado e apoiado, porque o que mais importa nele é a garantia de seu aprimoramento e continuidade. "É importante mostrar os primeiros resultados porque a partir daí a equipe poderá analisar as conseqüências desse primeiro mapeamento artístico para planejar a sua continuidade e também porque é necessário expor os critérios do projeto que, como quaisquer critérios, são localizados", explica Sônia Sobral. O projeto tem várias frentes de ação, sendo a Mostra Rumos Itaú Cultural Dança a vitrine de apenas algumas delas. A própria mostra oferece quatro tipos de atividades: uma oficina intensiva com David Zambrano e seu assistente, Mat Vooster, de hoje até domingo, no Nova Dança Estúdio de Pesquisa e Criação, com o tema Instant Composition Dance Performance, da qual participam os 60 artistas envolvidos com as 45 obras selecionadas; os Mapas da Dança, seminários coordenados por Dulce Aquino, fundadora da primeira faculdade de dança do País, na Universidade Federal da Bahia; uma Mostra de Vídeos com os 45 trabalhos selecionados; e uma programação com oito espetáculos comentados por Bergson Queiroz, professor de composição coreográfica do Projeto Cunningham (SP) e pesquisador em danças tradicionais brasileiras. Tudo isso é o que se exterioriza de imediato, mas há muito mais. "Um dos objetivos, por exemplo, é o de colaborar para definir os perfis das profissões da dança e para qualificar esses profissionais", esclarece Sonia, referindo-se ao estágio sobre pesquisa de campo oferecido aos pesquisadores em São Paulo antes da sua atuação em seis regiões brasileiras, ou à continuidade do exercício de curadoria que será desenvolvida este ano pela itinerância da Mostra de Vídeos, ou ainda aos estágios internacionais para pesquisadores, artistas e curadores, que estão sendo marcados por acordos com instituições internacionais. Além disso, o projeto adquiriu também vários livros e vídeos, que já estão disponibilizados no Centro de Documentação e Referência da instituição. O Projeto Rumos Dança recebeu 398 inscrições e a equipe de sete curadoras-assistentes assistiu a 261 obras. O resultado final de 45 coreografias nasceu de um exercício de curadoria coletiva. O projeto tem ambições amplas, entre as quais se destaca também a de iniciar o desenvolvimento de uma rede que envolve festivais, programadores, curadores, pesquisadores, instituições culturais que realizam atividades com dança e os artistas criadores em dança contemporânea, tanto nacional quanto internacionalmente. "Esse é um mapa circunstancial, uma entre outras possibilidades de cartografias da dança contemporânea brasileira", salienta Sônia Sobral. Esse primeiro mapa pode funcionar também como um indiciamento dos fatores conjunturais responsáveis pelas más condições de produção para a dança contemporânea no Brasil. Reuniu dados não apenas sobre quem cria espetáculos, mas igualmente sobre quem se dedica à pesquisa teórica, quem programa dança, quais os festivais existentes, e decidiu investir na difusão dos 45 selecionados em vez do plano original, que previa uma mostra com 15 obras. "Foi uma decisão soberana da comissão de seleção a de relacionar apenas oito trabalhos para serem exibidos no teatro, o que permitiu aumentar a verba originalmente destinada aos 15 para fazer o conjunto das 45 obras visitar, pelo menos, sete cidades em ciclos de videodança, acompanhados por palestras das curadoras, e também divulgá-las em festivais nacionais e internacionais, aumentando a visibilidade dos talentos garimpados." Depois que a mostra acabar, as informações reunidas pelo Projeto Rumos Dança sobre a produção artística e intelectual, instituições e cursos, periódicos e livros, festivais, mostras e iniciativas dos setores público e privado, resultantes de 2.093 planilhas de pesquisa de campo, continuarão disponíveis no site www.itaucultural.org.br/itau_cultural/index.html. E será lançado um livro contendo o registro dessa experiência que, todos esperamos, esteja apenas inaugurando uma série de muitas outras edições. Mostra Rumos Itaú Cultural Dança - Entrada franca. Itaú Cultural. Avenida Paulista, 149, tel. 238-1700. Até domingo.

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