Salvador foi a primeira capital do Brasil colonial. Fundada em 1549, seu centro histórico é parada obrigatória – afinal, trata-se do berço da cidade, onde os portugueses primeiro se estabeleceram. Repleta de monumentos, casas e igrejas tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a região também concentra museus que explicam a história do município, sua relação com a música, com o carnaval, com a gastronomia e a literatura brasileira.
Separamos quatro lugares fundamentais para mergulhar na essência soteropolitana. Mas, apesar de estarem próximos, o melhor é curtir um por dia para aproveitar melhor o que cada um oferece.
Quem não foi a Salvador desde o início da pandemia tem novidade para conhecer: a Cidade da Música da Bahia, criada há cerca de um ano no Casarão dos Azulejos Azuis. O local reúne a história da música e de artistas baianos e tem várias atrações interativas.
De 2018, a Casa do Carnaval é uma oportunidade para o turista experimentar um pouquinho da folia tão tradicional da cidade, mesmo em outras épocas do ano. Já o Memorial das Baianas do Acarajé, construído em 2009, foi reformado e entregue em maio deste ano.
Entre tantas novidades, não poderia faltar um clássico: a Fundação Casa de Jorge Amado, inaugurada em 1987 em um casarão histórico no Largo do Pelourinho – que também faz as vezes de cartão-postal.
CIDADE DA MÚSICA DA BAHIA
A experiência na Cidade da Música começa antes mesmo de entrar. Não por acaso, o Casarão dos Azulejos Azuis, datado do fim do século 19, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1969. Os azulejos que o revestem não negam a influência de Portugal no construção do edifício, que foi inteiramente reformado pela prefeitura e reaberto em setembro de 2021, como museu.
O espaço reúne um acervo que vai muito além do axé. Passa pela MPB, revisitando expoentes da Tropicália, afoxé, reggae e traz novos nomes da cena cultural baiana, de ritmos como afro trap e pagode. Por isso, é bom ir com tempo disponível. São três andares com mais de 800 horas de vídeos, conteúdos interativos e depoimentos de grandes nomes da música baiana, como Gilberto Gil, Ivete Sangalo e Caetano Veloso.
No primeiro andar, você conhece alguns dos 170 bairros de Salvador por meio da música. O Olodum ajuda a entender o Pelourinho, o Ilê Aiyê, o Curuzu; pelas composições de Vinícius de Moraes somos apresentados às tardes de Itapuã. No segundo andar, o foco é a cultura baiana. As nove cabines de vídeo explicam a Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA) e exibem curta-metragens de cantores e músicos em ascensão. Ao todo, são 260 depoimentos.
O terceiro andar é o mais interativo. Nele, é possível criar uma música em uma cabine de mixagem, participar de uma aula de percussão, cantar sua música favorita no karaokê – com direito a compartilhá-la nas redes sociais –, além de testar seu conhecimento sobre o que foi visto nos outros andares em um quiz. A curadoria é do antropólogo Antonio Risério e do arquiteto e artista Gringo Cardia. Praça Visconde de Cayru, 19. 3ª a dom., 10h/18h. Ingresso R$ 20 (inteira); @cidadedamusicadabahia no Instagram
CASA DO CARNAVAL
Inaugurada em 2018, a Casa do Carnaval é apaixonante até para quem não curte a folia. A sensação de estar na festa de rua permeia os quatro andares do museu, desde a entrada – onde estão três esculturas de caretas de Maragojipe, no Recôncavo Baiano – até o terraço, com vista para a Baía de Todos os Santos.
O espaço abusa da tecnologia e da interatividade para falar da história da festa de Momo de como ela ajudou na formação da identidade baiana. O visitante tem acesso a maquetes, roupas e instrumentos musicais doados por artistas – muitos usados em trios elétricos –, além de fotos e documentos históricos. De Daniela Mercury, por exemplo, lá estão as luvas usadas no clipe de O Canto da Cidade (1992) e uma peça utilizada no DVD Canibália, de 2010.
Existem ainda dois cinemas interativos, em que se pode escolher qual filme ver – cada um tem 10 minutos –, e vivenciar um dos ritmos da festa dançando as coreografias dos blocos e bandas. Se não tiver gingado, não se preocupe: os monitores estarão lá para ajudar a entrar no swing baiano. Pça Ramos de Queirós, s/n.º, Pelourinho. 3ª a dom., 10h/ 18h; Instagram @casadocarnavaldabahia; R$ 20
FUNDAÇÃO CASA DE JORGE AMADO
Autor de O País do Carnaval, Capitães de Areia e Gabriela, Cravo e Canela, Jorge Amado é um dos escritores mais queridos e lidos no mundo e já traduzido em mais de 50 idiomas. A Fundação que leva seu nome, inaugurada em 1987, é fundamental para conhecer não apenas a sua história de vida, mas também sua importância na literatura brasileira.
O museu fica em um casarão azul do século 19, no coração do Centro Histórico, o Largo do Pelourinho. O local conta com uma exposição permanente sobre a vida do escritor e uma coleção de mais de 250 mil fotografias, recortes de jornais, cartazes, prêmios e objetos que se relacionam com ele e com sua obra. A Fundação também reúne os acervos bibliográficos e artísticos de Amado.
Há ainda o Café Teatro Zélia Gattai, com capacidade para 50 pessoas – se você der sorte, pode assistir a uma peça ou ouvir algum show acústico que esteja na programação de eventos. O cardápio do café é único: o menu Jorge Amado oferece bebidas, aperitivos, sanduíches e sobremesas típicos da Bahia, descritos pelo escritor em suas obras. Não finalize a visita sem ir até o último andar, onde fica o mirante, para apreciar os sobrados e igrejas do Pelourinho e a Bahia de Todos os Santos.Rua das Portas do Carmo, Nº 49/51, Largo do Pelourinho. 2ª a 6ª, 10h/18h; sáb. 10h/16h. Ingresso R$ 5; (4ª grátis). Instagram @casadejorgeamado
MEMORIAL DAS BAIANAS DE ACARAJÉ
O memorial, construído em 2009, foi totalmente reformado e entregue em maio deste ano. O museu tem o intuito de preservar a identidade e o trabalho dessas mulheres, que em 2005 foram consideradas patrimônio cultural imaterial do Brasil pelo Iphan. Localizado ao lado do monumento da Cruz Caída, no Pelourinho – ótimo lugar para contemplar o pôr do sol, aliás – o memorial tem um caráter mais expositivo.
Ele abriga itens e espaços associados ao ofício da baiana de acarajé – as suas imagens, adereços, indumentária, cozinha para prática culinária, sala de oficinas, sala de exposição e um centro de referência com pesquisas e bibliografia. Também há um local para a comercialização de adornos, roupas e lembranças. Você vai sair de lá louco para comer um acarajé.Cruz Caída, Praça da Sé, Pelourinho. 2.ª a sáb., 10h/16h. Ingresso: R$ 5