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Luta das famílias por justiça é mote para duas séries sobre a tragédia da Boate Kiss

‘Todo Dia a Mesma Noite’, na Netflix, e ‘Boate Kiss: A Tragédia de Santa Maria’, no Globoplay, acompanham a luta das famílias das vítimas por justiça

Foto do author Daniel Silveira
Por Daniel Silveira
Atualização:

Nesta sexta-feira, 27, a tragédia da Boate Kiss, que ficava na cidade gaúcha de Santa Maria, completa 10 anos. Em uma década, o caso avançou lentamente na Justiça, para o sofrimento dos familiares e amigos das 242 vítimas fatais do incêndio e dos mais de 600 feridos daquela noite fatídica.

Cena da série 'Todo Dia a Mesma Noite', baseada no livro de Daniela Arbex sobre o incêndio na Boate Kiss, que completa 10 anos. Foto: Guilherme Leporace/Netflix

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A data chega com duas minisséries, da Netflix e do Globoplay, cada uma com cinco episódios, que tratam do acontecimento considerado como a maior tragédia em uma casa de shows do País - e uma das maiores do mundo.

Todo Dia a Mesma Noite, da Netflix, está disponível a partir desta quarta-feira, 25. A minissérie é uma ficção baseada no livro de mesmo nome da jornalista Daniela Arbex. “Acho que a ficção tem um poder único de conexão com o espectador, permite criar empatia e envolvimento emocional com os personagens, além de possibilitar que a gente veja essas pessoas em situações íntimas, coisas a que um documentário não teria acesso”, diz Julia Rezende, diretora-geral, em entrevista ao Estadão.

O seriado acompanha quatro famílias cujos filhos morreram durante o incêndio e que também participam de uma associação criada pelos parentes das vítimas. Thelmo Fernandes, Debora Lamm, Paulo Gorgulho, Raquel Karro, Bianca Byington e Leonardo Medeiros dão vida a esses pais que, desejosos de justiça, se unem para preservar a memória de seus filhos e manter viva a lembrança da tragédia a fim de que ela não se repita. Todos eles são baseados em personagens reais.

“Acho que na posição de atores, intérpretes, de certa forma a gente até se depara com a grandeza da nossa profissão, de poder dar voz, trazer luz para uma história tão inacabada”, comenta Debora Lamm, que interpreta Sil, uma doceira mãe da jovem Mari, uma das vítimas, que morre após inalar fumaça tóxica. “A tragédia é um pano de fundo pra se falar de justiça”, complementa Leonardo Medeiros, que dá vida a Geraldo, pai de Guilherme (Luan Vieira), outra vítima.

“É muito importante que a gente conte essa história porque precisamos construir a memória coletiva do Brasil”, afirma a jornalista Daniela Arbex, que fez consultoria criativa da minissérie.

O repórter Marcelo Canellas e equipe gravam em frente ao local onde funcionava a Boate Kiss para o documentário ‘Boate Kiss - A Tragédia de Santa Maria', que estreia nesta quinta-feira, 26.  Foto: Globo

Globoplay

Já no serviço de streaming da Globo, a história é contada a partir do trabalho do jornalista Marcelo Canellas, na série documental de cinco episódios Boate Kiss: A Tragédia de Santa Maria, que estreia nesta quinta-feira, 26.

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Jornalista há 35 anos, Canellas viveu sua infância, adolescência e início da vida adulta em Santa Maria, onde estudou jornalismo. “A minha ligação com a cidade fez com que eu mergulhasse nessa cobertura”, conta.

Há dez anos, ele produz matérias que têm a tragédia como plano de fundo. Para a série documental, Canellas se uniu à TV OVO, um grupo de Santa Maria que trabalha há 25 anos com audiovisuais.

Pais

A série acompanha, principalmente, os pais das vítimas em 2021, pouco antes do júri, além dos 10 dias em que os quatro acusados, dois sócios da casa noturna e dois músicos, foram julgados. Os cinco episódios trazem o quadro atual do caso, cujo julgamento foi anulado, dando liberdade aos réus.

Assim como em Todo Dia a Mesma Noite, a série do Globoplay tem intenção de resgatar a história para que se possa cobrar por justiça. “Quando aconteceu o episódio, o Brasil e o mundo se comoveram, houve uma solidariedade máxima, mas com o passar do tempo há um distanciamento do episódio e as pessoas começam a cansar”, lembra Canellas.

“A gente tem que acabar com a ideia de que o esquecimento é uma solução, ele só provoca a repetição dos erros”, aponta o jornalista, para quem é necessário retirar os esqueletos do armário, a fim de que tragédias como essa não aconteçam novamente.

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