PUBLICIDADE

Minissérie ‘A Small Light’ revela quem são as pessoas que ajudaram Anne Frank

História acompanha, em oito capítulos, a trajetória real da mulher que ajudou a esconder judeus de nazistas

Por Mark Kennedy

Liev Schreiber estava visitando a Ucrânia devastada pelo conflito quando recebeu um roteiro sobre eventos da vida real cerca de 80 anos atrás que parecia estranhamente oportuno.

Era uma história ambientada durante a ocupação da Holanda pelos nazistas em 1942 e a maneira como alguns holandeses arriscaram suas vidas para salvar judeus do Holocausto.

Imagem da minissérie A Small Light, com Liev Schreiber como Otto Frank e Bel Powley como Miep Gies Foto: Dusan Martincek/National Geographic/Disney/AP

PUBLICIDADE

A célebre Anne Frank está nele, mas ela é quase periférica. Em vez disso, A Small Light, minissérie de oito capítulos da National Geographic, se concentra em uma jovem recém-casada que ajudou a esconder Frank e também fornecia comida e outras necessidades para pessoas que viviam sob grande risco. A série está disponível na Disney+ e na Star+.

“O enredo central sobre essa jovem chegando à maioridade e lidando com seu casamento dá a você uma perspectiva incrivelmente íntima de como é ter a vida interrompida por uma invasão”, disse Schreiber. “Parecia tão ressonante para mim.”

A Small Light é estrelada por Bel Powley como Miep Gies, uma heroína da vida real por proteger oito pessoas em um anexo secreto em Amsterdã, onde Frank escreveria seu famoso diário. Schreiber interpreta o pai de Anne, Otto Frank.

Além de uma importante trama histórica, a série também examina até onde estranhos podem ir para ajudar alguém em apuros. Gies, que não era judia, enfrentaria a morte certa se fosse descoberta.

A atriz Bel Powley no papel de Miep Gies na minissérie A Small Light Foto: Dusan Martincek/National Geographic/Disney/AP

“Não faz sentido recontar um momento desta parte da história que todos conhecem tão bem se vamos ser golpeados na cabeça pelos mesmos fatos históricos que já conhecemos”, disse Powley. “É preciso fazer com que as pessoas pensem: ‘O que eu faria e o que devo fazer?’ Porque a situação agora não é tão diferente.”

Publicidade

Inicialmente, os espectadores são apresentados a Gies como uma festeira sem rumo, que se transforma em uma lutadora da resistência após a invasão nazista. Ela blefa para passar pelos postos de controle do exército e junta comida escassa para os escondidos. Ela diz a uma das pessoas que salva: “Se precisar chorar, chore agora”.

Gies era a secretária de Otto Frank, e seu lado feroz e altruísta colocou seu casamento em risco. Em uma cena de discussão, ela diz ao marido: “É a coisa certa a fazer e concordei em fazê-lo, e não pensei que deveria consultá-lo antes de decidir salvar a vida de uma pessoa”.

“Ela era inabalável em sua decisão sobre qual era a coisa certa a fazer”, disse Powley. “Ela não hesitou e também estava incrivelmente confiante, vivaz, vibrante e viva. Eu sempre a imaginei com esse sorriso enorme no rosto o tempo todo.”

Schreiber, que falou sobre a invasão ucraniana em parte porque tem avós de lá, disse que a bravura de Gies foi sublinhada pelo fato de ela não ter nenhuma ligação de sangue com as pessoas que estava ajudando.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

“A realidade da situação é que todos devemos nos preocupar com o que está acontecendo na Europa Oriental ou, nesse caso, o que está acontecendo no Sudão ou na Turquia ou onde quer que seja”, disse ele. “Senti que havia algo em Miep que realmente representa o melhor de cada um de nós, aqueles de nós que dizemos ‘sim’ uns aos outros. Senti que era um ótimo momento para contar essa história.”

Após a invasão nazista da Holanda em julho de 1942, a família Frank se escondeu. A família Van Pels seguiu-a uma semana depois. Quatro meses depois, uma oitava pessoa se juntou a eles: Fritz Pfeffer, dentista e conhecido da família Frank. O grupo foi descoberto em 1944 e enviado para o campo de concentração e extermínio de Auschwitz.

A Small Light mostra a humanidade de cada membro do grupo, desde a rebeldia de Anne até as provocações de membros da família e os desconfortos da vida na clandestinidade. Há brigas, lamúrias e teimosia.

Publicidade

“Muitos de nós não estão familiarizados com bombas atingindo nossas casas”, disse Schreiber. “Mas podemos nos reconhecer com um relacionamento que não está indo bem. Podemos nos relacionar com uma refeição interrompida. Podemos aceitar essas coisas que estavam acontecendo na vida dessas pessoas quando os foguetes começaram a cair. E isso nos traz para a história de uma maneira única.”

A série ocorre durante um novo espasmo de antissemitismo na América, com o número de incidentes antijudaicos aumentando mais de 35% no ano passado, de 2.721 em 2021 para 3.697 em 2022.

Schreiber vê os números com alarme, principalmente por ter acabado de finalizar uma série sobre o Holocausto. “Os padrões são os mesmos - desinformação, informação errada, bodes expiatórios”, disse ele. “Infelizmente, estamos vendo tudo isso nos EUA novamente.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.