
Já que os ânimos estão quentes e as discórdias vivas como se tivessem nascido agora há pouco, ainda que na prática sejam velhas, então seria propício concentrar essa energia toda em algo que pudesse trazer resultados úteis e criativos.
Afinal, o método da criatividade é sempre o conflito, pois, como se poderia criar algo sem se opor à realidade. Criar é o oposto da adequação, atitude que evita todo conflito.
Porém, nem todo conflito possui sentido verdadeiramente criativo, nossa humanidade passional se apega aos conflitos (mesmo declarando que os detesta) e se perde nesse caminho toda a energia que deveria resultar em criatividade.
Ou seja, tudo se resolve na perpetuação do conflito e não na resolução desse por meio da criatividade.
Por quê? Ora! Porque para criar as pessoas envolvidas nos conflitos teriam de abdicar de suas exigências e da tola pretensão de haver vencedores e vencidos, passando assim a encontrar a criativa novidade que, não sendo propriedade de nenhuma das partes, resolve o conflito através de algo que não existia antes desse.
Essa elevação toda a que apontam os conflitos raramente é conquistada, porque nossa humanidade passional se apega à idéia egoísta de que deve vencer e tornar vencida a parte adversária.
Assim, o conflito e a discórdia entram num terreno estéril no qual todas as pessoas perdem. Ninguém ganha, todos perdem.
O clima agora é de discórdia, caberá às partes envolvidas nesse exercício lembrarem a perspectiva de elevação que essa inclui, sacrificando a paixão de vencer pelo puro prazer de derrotar a parte adversária.
Próximo boletim será publicado às 2h09 de 5/6/12