Quase nada é como se pensou que ia ser, comprovando que a lógica humana, estreita pela sua própria natureza, anda mais curta do que sempre para acertar nas previsões.
Nada é como se pensou que ia ser, e a dança das baratas tontas continua mais movimentada que nunca, com todos fazendo cada vez mais força para não perder a posse, lançando mão de justificativas e argumentos para explicar o que só uma frase sintetizaria com realismo, nada é como se pensou que ia ser, a realidade da vida mais uma vez surpreendeu nossa humanidade que, pega com as calças arriadas, agora dança que nem barata tonta para recuperar a dignidade. Esse é o espírito da comédia, mas na prática é trágico, pois se ficássemos na gargalhada essa espantaria a soberba e todos nos entenderíamos mediante o espírito de colaboração mutua. Porém, como ao susto segue a justificativa, essa coloca em marcha a lei do eterno retorno, que na prática nada mais é do que nunca sair do lugar, como cachorro que brinca de morder o próprio rabo, porque não o reconhece como parte de si mesmo.
Nada é como se pensou que ia ser, essa afirmação é o lamento dos soberbos, mas é a felicidade dos que avançam firme no caminho da libertação.
A alegria é a marca dos que avançam no caminho espiritual sem sequer saber que estão nesse caminho, já que a palavra espiritual foi sequestrada e distorcida e não é mais útil para expressar com carinho e delicadeza o profundo movimento daqueles que se libertam da mentira, das instituições e da própria soberba.
Posicione sua consciência no observador interno e, com equanimidade, contemple a dança das baratas tontas.
Enquanto isso, descanse.