PUBLICIDADE

'Entrevista Aberta' fala da censura feita à novela 'Roque Santeiro'

A jornalista Laura Mattos, autora do livro 'Herói Mutilado', sobre as interferências dos militares nos textos do autor Dias Gomes, foi recebida pelo 'Estadão' na Casa Bona

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

A jornalista e escritora Laura Mattos, da Folha de S.Paulo, foi recebida pelo jornalista Julio Maria, do Estadão, para o segundo encontro da série 'Entrevista Aberta'. Laura falou de seu livro Herói Mutilado: Roque Santeiro e os Bastidores da Censura à TV na Ditadura, que narra as interferências dos governos ditatorias sobre os textos de Dias Gomes. Roque Santeiro, a novela exibida pela Globo em 1985, teve, antes disso, dois momentos de censura. O primeiro se deu, na verdade, quando o texto ainda era para o teatro de uma peça chamada O Berço do Herói, de 1965, impedido de ser montado pelos militares. Dez anos depois, o texto é adaptado para a TV e, depois de ter mais de 30 capítulos gravados de Roque Santeiro, a Globo foi informada de que o novela não iria ao ar pela censura. E finalmente, em 1985, ainda que tendo muitos diálogos e cenas extraídos a pedido dos militares, vai ao ar a história de Viúva Porcina e Sinhozino Malta.

Lima Duarte, Regina Duarte e José Wilker Foto: Globo

Laura lembra de que a própria emissora Globo, cansada das interferências do regime, contratou um ex-censor, José Leite Ottati, para ajudar a maquiar os episódios de forma que eles não tivessem problemas com Brasília. Fez uma relação com os tempos atuais, falou da maléfica auto-censura ("os professores pensam cada vírgula que vão dizer hoje em dia") e lembrou do que lhe disse o autor de novelas Marcílio Moraes. "Mandala (exibida entre 1987 e 1988), que tratava de um caso incestuoso, jamais iria ao ar nos dias de hoje". Ao final da entrevista, a cantora Patrícia Bastos e o violonista Norberto Vinhas interpretaram músicas da sensacional trilha de Roque Santeiro

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.