Javier Bardem participa da corrupção corporativa em 'El Buen Patrón'

Ator é protagonista do filme de Fernando León de Aranoa, que está na plataforma Star+; veja trailer original

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Por Sigal Ratner-Arias
Atualização:

Javier Bardem está confiante de que o público estrangeiro vai gostar de El Buen Patrón, filme disponível no Star+, tanto quanto os espectadores da Espanha. “Quando estávamos fazendo exibições em Los Angeles e Nova York e alguns outros lugares nos Estados Unidos, quando estávamos apresentando o filme para o Oscar, os cinemas estavam lotados e as pessoas estavam rindo e se divertindo e também, (suspiro), prendendo a respiração no final quando entendem do que estavam rindo”, disse Bardem em uma entrevista recente à Associated Press.

A sátira de Fernando León de Aranoa sobre a corrupção corporativa ganhou seis prêmios Goya (o equivalente espanhol ao Oscar) e foi indicado para o Oscar de melhor longa-metragem internacional .

Javier Bardem e cena do filme 'El Buen Patrón'/ 'O Bom Patrão' Foto: Star+

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“Acho que a reação é praticamente a mesma em todos os lugares que fomos, na Espanha e também fora, e isso fala muito da qualidade da história, do filme, do personagem e dos diálogos. Então espero que todos se divirtam, riam e vejam algumas de suas próprias experiências de trabalho na tela.”

Em O Bom Patrão (El Buen Patrón), Bardem interpreta Julio Blanco, dono de uma empresa de fabricação de balanças industriais que não mede esforços para resolver os problemas de seus trabalhadores enquanto aguarda ansiosamente a visita de um comitê que poderia dar à sua empresa um prêmio de excelência.

É um personagem muito diferente daquele vivido por Bardem em Being the Ricardos, Desi Arnaz, que lhe rendeu a quarta indicação para o Oscar no início deste ano. A estrela espanhola ganhou o Oscar de coadjuvante em 2008 por Onde os Fracos Não Têm Vez e concorreu a melhor ator em 2001 e 2011 por Antes do Anoitecer e Biutiful, respectivamente.

Cena do filme 'El Buen Patrón'/ 'O Bom Patrão', com Javier Bardem Foto: Star+

Em uma entrevista recente de Budapeste, onde está filmando a segunda parte de Dune, Bardem falou sobre El Buen Patrón, seu processo de atuação e o impacto que a paternidade teve em sua vida. O ator e sua esposa, a atriz Penélope Cruz, têm dois filhos juntos: Leo, de 11 anos, e Luna, de 9.

'El Buen Patrón' chega aos EUA após o sucesso de 'Being the Ricardos'. Como você passou de um papel para o outro? Qual é o seu processo?

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Acredito que o adequado é realmente confiar na boa escrita dos roteiristas e seguir suas pistas, seguir o que eles fizeram tão lindamente. Neste caso, estamos falando de Aaron Sorkin e Fernando León, ambos diretores e escritores extraordinariamente talentosos. Então, há uma proposta no roteiro, e você apenas a segue porque há belos passos elaborados pelo escritor que lhe apontam para onde ir. Por outro lado, tento preparar os papéis com meu treinador de atuação, Juan Carlos Corazza, com quem trabalho desde os 20 anos, é meu amigo e meu mentor, ele me ajuda muito a chegar ao lugar onde entendo organicamente como é um personagem.

O personagem de Julio Blanco, como você disse em seu discurso ao receber o Goya no início deste ano, tem muitos tons. Como você encontrou a voz dele? Você se inspirou em alguém em particular?

Você sabe, eu estava conversando com o diretor e os discursos que (o personagem) faz, porque discursa muito, aí pensamos que se fizéssemos com o tipo normal de voz, transcenderia para um lugar que a gente não quer estar. Deve haver algo que realmente não funciona e nos diz que há algo que não se encaixa muito bem com o que ele está dizendo. E, ao mesmo tempo, no meu país, na Espanha, estamos acostumados a esse tipo de energia, a esse tipo de perfil de pessoa que é muito calorosa, divertida, próxima e, ao mesmo tempo, está roubando sua carteira. Então foi isso que tentamos encontrar na voz.

No filme, você também interpreta um homem de família que descobre que a garota com quem ele acabou de dormir é filha de um grande amigo que ele não via desde pequeno. Como pai, como você encarou essa cena e como ser pai afetou sua abordagem de atuação?

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Bem, nem consigo imaginar como seria se fosse minha filha (risos). Mas como ser pai me afeta? Em todos os sentidos e não há como separar um do outro. Isso o torna mais empático e mais consciente de suas próprias falhas e limitações, e também consciente das necessidades de outra pessoa - não desejos, mas necessidades. É aí, nessa interação, que você encontra o melhor de si mesmo. E acho que atuar é a mesma coisa. Quando você está sozinho, está muito concentrado em seu próprio umbigo, pensando no que quer fazer e no que quer se tornar e no que quer fazer as pessoas entenderem. Você perde a noção de qual é o propósito deste trabalho, que é estar a serviço de algo maior do que você.

Seus filhos viram algum de seus filmes?

Agora estou fazendo filmes para eles! Já fiz um com crocodilo em que canto e danço, Lyle, Lyle, Crocodile/ Lilo, Lilo, Crocodilo (previsto para estrear em 2 de novembro), e já fiz A Pequena Sereia (atualmente em pós-produção). Viram Being the Ricardos e gostaram muito. Quando me viram dançar e cantar, eles riram porque me viram ensaiar em casa. Assistiram também a Piratas do Caribe: Homens Mortos Não Contam Histórias. Leo, meu menino, viu Dune, e aqui estou eu, fazendo filmes que eles também podem ver.

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Ao longo de décadas, você tem sido amplamente reconhecido e premiado por seu trabalho. Isso é algo que ainda te anima, ou você está acostumado com isso?

Mais do que animar, o que me surpreende é o fato de eu ainda ter 53 anos e ainda estar trabalhando, de ainda ganhar a vida fazendo isso, que eles continuam me ligando e que, de vez em quando , eles gostam do que eu faço. Isso é demais! Ainda me surpreende de uma maneira real, e não quero que pare de me surpreender, não quero parar de me importar com isso. Pretendo continuar a fazer o meu melhor, mas sempre me precavendo porque, às vezes, as coisas que você dá como certas não acontecem.

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