Reação de James Corden em jantar nos lembra como não reclamar em restaurantes

Ator protagonizou um climão porque achou que o prato de sua esposa não estava como pedido: ‘Talvez seja melhor eu ir para a cozinha e fazer a omelete eu mesmo!’

PUBLICIDADE

Por Tom Sietsema

WASHINGTON POST - James, James, James.

PUBLICIDADE

Estou falando de Corden, é claro, o ator e apresentador de TV que entrou em apuros esta semana quando o dono do Balthazar, em Nova York, o acusou de ser um ingrato de elite no famoso restaurante francês do SoHo. O restaurateur Keith McNally baniu a estrela do The Late, Late Show por, entre outras coisas, supostamente gritar com a equipe por deixar pedaços de clara de ovo na omelete de gema de sua esposa, além de exigir bebidas grátis.

James, James, James.

Como alguém que come fora em média dez vezes por semana e organiza uma sessão de perguntas e respostas online, aprendi uma coisa ou outra sobre o comportamento humano e como nos comportar em restaurantes. Com base no relatório de um gerente para o mês de junho, a única coisa que Corden fez certo quando encontrou um fio de cabelo em seu prato principal foi chamar a atenção da equipe imediatamente. Reclamar no momento em que o problema acontece dá ao restaurante a chance de corrigir o erro; reclamar depois do fato deixa o problema marinar - e não no bom sentido.

James Corden e sua esposa Julia Carey: Casal protagonizou climão em restaurante de Nova York. Foto: Mario Anzuoni/REUTERS

Vamos deixar bem claro. Tudo bem reclamar. Restaurantes conscientes usam o feedback dos clientes como forma de melhorar seu atendimento. A música alta pode ser abaixada, os assentos duros podem ganhar almofadas, uma mesa pode ser removida para dar espaço aos clientes, um toque mais leve de sal ou tempero pode se traduzir em pratos devorados até o último pedacinho.

Diante de cardápios mais curtos, horários reduzidos e custos mais altos, os clientes que são leais e pacientes com as pessoas que os servem e os alimentam merecem ser ouvidos - desde que o façam com doçura e não com acidez. De acordo com o relatório do gerente, Corden se mostrou “extremamente desagradável” e exigiu outra rodada de bebidas “neste segundo”. O apresentador de TV também teria usado uma palavra de quatro letras que certamente choca as pessoas dentro de um restaurante: “Yelp”, a ameaça de uma crítica online ruim. Tem um lugar no inferno para os clientes que não apenas repreendem os trabalhadores pessoalmente, mas também destilam ódio nas redes sociais.

Na recente visita ao Balthazar, Corden supostamente ficou irado depois que a omelete de gema de ovo refeita para sua esposa veio com batatas fritas caseiras, e não com a salada que ela pedira. “Você não sabe fazer seu trabalho! Você não sabe fazer seu trabalho!”, citou o relatório do gerente, referindo-se aos gritos que a celebridade dirigiu a um atendente. “Talvez seja melhor eu ir para a cozinha e fazer a omelete eu mesmo!” (Sério, senhor? Será que isso também vale quando uma de suas piadas não dá certo?). Mais uma violação de etiqueta.

Publicidade

As melhores reclamações se atêm aos fatos e usam um tom civilizado. Mais empáticos ainda são os comensais que adoçam o problema com um elogio: “Gostamos muito de tudo até agora. Muito obrigado. Mas seria possível compartilhar isso (inserir a decepção aqui) com o (chef ou quem for o responsável) e (corrigir o problema)?”

No que pareceu um estalar de dedos, Corden supostamente estendeu a mão para se desculpar com McNally, que então suspendeu o banimento do britânico.

Mas! Mas! Mas! Corden depois disse ao The New York Times e outros veículos que ele não tinha feito “nada de errado, em nenhum nível” e que as acusações eram “bobas”. McNally respondeu encorajando Corden a admitir seus erros e pedir desculpas a sua equipe: demonstre sinceridade.

Como o dono de restaurante experiente que é, McNally usou uma cenoura em vez de uma vara para atrair a celebridade. Se Corden pedir desculpas, disse McNally, “ele pode comer de graça no Balthazar pelo resto do ano”.

Nenhuma palavra sobre como a equipe encarou essa oferta. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.