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A criação de um império de graciosidade no Japão

Mascotes criados por Hiromi Kano tornam-se um símbolo forte do país e movimentam a economia japonesa

Por Jonathan Soble
Atualização:

No caso de algumas das mais queridas celebridades do Japão, o caminho da fama começa num café de internet transformado em cima de uma pista de boliche em Miyazaki, no sudoeste do país. É ali que Hiromi Kano administra sua fábrica e cujas criações de maior sucesso são reconhecidas por milhões de pessoas. Algumas têm um batalhão de seguidores no Twitter e rendem bilhões de receitas em ienes. E pelo menos uma encontrou-se com o imperador.

Os ídolos criados por Hiromi, 55 anos, são mascotes – animais sorridentes que dançam, alimentos transformados, humanoides com olhos enormes que promovem qualquer coisa possível de se imaginar no Japão.

Ícone: Hiromi Kano ao lado de uma de suas criações Foto: Ko Sasaki|NYT

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Hiromi é uma criadora de fantasias, embora ninguém no seu setor descreva seu trabalho tão grosseiramente. “Temos um lema, nenhum humano dentro”, diz a criadora, mãe de duas crianças, com um sorriso afetuoso, que supervisiona a oficina e os cerca de 40 empregados, quase todos mulheres.

Os mascotes extravagantes estão muito associados ao Japão, do mesmo modo que o monte Fuji e o sushi. Populares durante décadas, nos últimos anos eles se tornaram uma obsessão e, aparentemente, cada cidade, atividade e braço do governo tem o seu.

Os mascotes estão tão onipresentes que, no ano passado, o ministério das Finanças do Japão sugeriu que as agências públicas pensassem duas vezes antes de criar outros mais, temendo que o dinheiro do contribuinte fosse desperdiçado. Só a província de Osaka teria encomendado 92 deles, incluindo dois cães diferentes para departamentos fiscais separados e uma garrafa térmica de água voadora, representando um regulamento farmacêutico. O governador deu um basta.

Hiromi afirma que os negócios continuam prosperando. “A população japonesa alimenta esse desejo de tirar as arestas das coisas, tornar as coisas difíceis mais amenas.”

O que mais ajudou Hiromi a se tornar famosa foi criar uma versão do Kumamon, o urso de bochechas vermelho que é o mais popular mascote do Japão.

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Mascote da província de Kumamoto, na zona rural, o Kumamon venceu um concurso nacional de popularidade em 2011. Sua imagem adorna inúmeros produtos, como bolsas, camisetas e hashis de plástico. O urso rendeu para a cidade o equivalente a 124 bilhões de ienes (cerca de US$1 bilhão), em receitas de merchandising e turismo nos dois anos após vencer o concurso, segundo a sucursal local do banco central japonês. Histórias de sucesso como essa fazem com que a mania do mascote persista.

Hiromi diz que não pretende criar um “império da graciosidade”. A demanda por produtos de exposição chamativos e outros artigos caros caiu com a estagnação da economia japonesa. “No final, só nos restaram os mascotes.” / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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