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Apesar de preços em queda, safra deverá crescer

Especialistas avaliam que maior volume na produção pode segurar a inflação de alimentos e garantir a rentabilidade do produtor

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Por Márcia De Chiara
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Mesmo com a forte retração dos preços de soja, milho e algodão registrada nas últimas semanas, a próxima safra brasileira de grãos, que será plantada em setembro e colhida em março do ano que vem, deve crescer e atingir 198,5 milhões de toneladas, segundo projeções da consultoria GO Associados. Esse maior volume de produção pode segurar a inflação de alimentos e garantir rentabilidade ao agricultor, apesar do cenário adverso neste momento, prevê o diretor de pesquisa da consultoria, Fabio Silveira. Com semente, fertilizante e defensivos em casa, comprados quando os preços das commodities estavam em alta e mais favoráveis ao bolso do produtor, a expectativa é que a área plantada de soja cresça cerca de 3%, atingindo 31 milhões de hectares na safra 2014/2015, de acordo com a previsão da consultoria Informa Economics FNP. No caso do algodão, a expectativa é de avanço de 11,6%, para 1,250 milhão de hectares. Para o milho e feijão, porém, o cenário é de retração e, para o arroz, de manutenção da área, segundo a Associação Brasileira de Sementes e Mudas.

Produtor comprou semente, fertilizante e defensivos em condições favoráveis Foto: Márcio Fernandes/Estadão

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Em meados deste mês, o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos sinalizou uma safra americana recorde de soja, de 103 milhões de toneladas, e um maior volume de estoques mundiais de grãos. Isso foi uma ducha de água fria nos preços das commodities, que já vinham com tendência de baixa por causa do corte de estímulos monetários feito pelo BC americano. Nos últimos 30 dias, a cotação da soja caiu 7,45%; do milho, 6,88%; e do algodão, 4,94%, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada.

"Os produtores estão apreensivos, mas não vão reduzir a área com soja", diz Antonio Chavaglia, presidente da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano, que reúne 6,2 mil agricultores. Ele acredita que o que pode ocorrer em resposta ao preço baixo é a não abertura de novas áreas para a produção do grão.

Essa também é a avaliação de Ricardo Tomczyk, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso, o principal Estado produtor do grão no País. "Deve diminuir a abertura de novas áreas.". Em Mato Grosso, por exemplo, é esperada expansão de 5% da área plantada, mesmo com o preço mais baixo.

Em Maringá, noroeste do Paraná, outra importante região produtora, a expectativa é de manutenção da área de 650 mil hectares com soja, segundo o vice-presidente da Cocamar, José Cícero Aderaldo. Ele diz que os insumos foram comprados em junho, quando a relação de troca era mais favorável.

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